PORTRAITS & POLAROIDS AGAIN

Tenho certeza que quando Edwin Land criou o processo fotográfico Polaróide em 1947, não imaginou que seria o inventor da minha vida. Não faço nada sem uma Big Shot nas mãos, Malena. Nothing! Vivo de forma instantânea, imersa, digital, radiativa, direta, improvisada, horkaholic, rápida, abrangente, polaróidica, conceitual, fluídica, publicitária, propícia, veloz, reflexiva, temática. Pioneira! Vídeo-humanizada com o distanciamento necessário da imagem, para conseguir tocar em mim, mesmo não estando por perto. De mim. Vivo cada dia como se este, fosse o sucessor do ontem, e o precursor do amanhã de hoje. Sou Pop Factory em artes plásticas. Vivo em meio às inovações tecnológicas da Pop Art, criando murais urbanos, falando da catarse humana impressa na gênese da cultura de massa, atraindo o ferro como um imã de geladeira, sem perder o esplendor da dúvida. Ou da vírgula.

Meus retratos paridos num manto de plástico cinza com profundidade focal de um metro. Box. Flash embutido no coração. Da máquina. Vou tirar uma foto sua, Malena. E não esqueça-se de mim. Tens sessenta segundos para aparecer. Revelada! Your portrait is mine, baby! E com ele, farei de ti, mais famosa  que a rainha da Inglaterra. A Elizabeth, se não me falha a história. Afinal, também mereces passar lá no almoxarifado das futilidades humanas, e pegar os seus quinze minutos de fama. Nada mais Andy Warhol de ser!

Te colocarei num outdoor luminoso e click! Serás mais novaiorquina que a própria New York, New York - versão Woody Allen. Transformarei sua love profusion massificando-a no consumo e na cultura, fazendo de ti – Sex and the City. O amor fotografado e exposto numa tela renascentista, envolto em poesia marginal. Sua fotografia em preto e branco, colorida à mão, refeita com nanquim. Ícone de um umbigo moldado em argila para a fuzelagem das minhas belas artes literárias e visuais. Quero esculpir-te em estalactites cenográficas. Maquiar-te-ei de branco, da testa aos ombros. Esconder-te-ei entre chamas e linhas faciais futuristas, para que enfeites meus auto-retratos, enquanto queimas.

"Pop Shop Social Club": Esse será o nome da minha próxima Obra. MoMa. O local. Big Apple. A cidade-apelido. Vulgo capital mundial das artes e do mercado da moda. Punk'd. O estilo. Time. A revista. And you, Malena: Minha musa cosmo-coca fotografada de frango, vestida de entregador de pizza. Hut! Nada mais Pop Art americano que clicar-te com uma big coke numa das mãos e uma fatia de massa de pão assado em forma de disco, coberta com queijo, azeite, orégano e massa de tomate – na outra.

Desenhar-te-ei com giz, nua, nas calçadas do meu bairro – com crayons Panway nas paredes negras do meu loft. Grafite. Outdoors. Hip hop. Música e inspiração. Filmarei tudo. Filmarei nú. 35mm. Super 8. 16mm. Película.

Pintar-te-ei à luz de velas com piercing na língua. Fazendo-te sumir como mágica no breu cegante do meu ateliê-linguístico. Filmarei tudo. Filmarei nú no meu celeiro. Nú! 
Bitola. Vídeo. DVD. Beta. VHS. MiniDV. Nada mais Keith Haring do que a nossa espontaneidade criticamente libertária. Lírica. Irônica. ¡Nuestra! Serei teu como um símbolo de amor à vida numa mostra de filme livre. Serás minha como um signo de esperança, criatividade, humor e compaixão em loterias virtuais.

Passei o fim de semana com o Frederico. Fellini! Ele filmou-me vendo Amarcord. Depois obrigou-me a assistir: La citta delle donne, La dolce vita, Il bidone, La voce della luna, Le notti de cabiria, E la nave va, Giulietta degli spiriti, Ensaio de Orquestra, Intervista, Ginger e Fred, Mulheres e Luzes, Oito e meio, I vitelloni, e Fellini Satyricon. Depois disso ninguém obrigou-me a ver mais nada! Desde que Fellini ensinara-me a enxergar, fez-se a luz!

Passei o fim de semana ouvindo Judy Garland com "Over the Rainbow", Nickelback com "Someday", O Rappa com "Reza Vela", Titãs com "Enquanto houver sol", Preta Gil com "Estéreo", Zeca Baleiro com "Alma Nova", Ed Motta com "Piquenique", Marcelo Camelo com "Doce Solidão", Pitty com "Me Adora", Mallu Magalhães com "Tchubaruba", Arnaldo Antunes com "Invejoso", Bioncé e Sean Paul com "Baby Boy", Frejat com "Túnel do Tempo", Linkin Park com "Numb", Erasmo Carlos com "A guitarra é uma mulher", Four Tops com "Sugar Pie Honey Bunch", Amália Rodrigues com "Nem às paredes confesso", Whitney Houston com "I Look To You", Marcelo D2 com "Loadeando", Tina Turner com "We Had It All", Maria Rita com "Menina da Lua", Marvin Gaye e Tammi Terrell com "Ain't no Mountain High Enough", Charlie Brow Jr com "Não uso sapatos", Michael Jackson com "Speechless", Celia Cruz com "Te Busco", Limp Blizkit com "Behind blue eyes", Frank Sinatra com "Fly me to the moon", Offspring com "Hit that", Aretha Franklin com "I Say A Little Prayer", Outkast com "Hey ya", Los Hermanos com "Último Romance", Eydie Gormé e Trio Los Panchos com "Piel Canela", Madonna com "Hung Up", Rita Lee com "Tudo vira bosta", e a canção que mais gosto entre todas as canções: "Foi Deus quem fez você", cantada por minha doce-amada, Amelinha.

Passei o fim de semana assim... Ao lado do meu cineasta predileto, ouvindo as minhas músicas no iPod, escrevendo no seu Apple transparente, pintando e fazendo amor com você. Me and you. You and me. Hapiness. Forever!

Vivemos num mundo fascinante, onde as celebridades fotografadas somos nós mesmos – com a casa na mochila. Aqui. Malena.

Edwin, Andy, Keith, Frederico, Portraits & Polaroids Again.

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