CARIDÃO




Você descobre um lugar aonde o amor não é utopia. Porque não existe caridade, mas “caridão”. Os seres daquele lugar adotaram o altruísmo como forma de expressão. E compreenderam que o que fizessem das suas vidas, com o código genético de seus corpos, estariam mudando o destino de outros povos. E se fossem livres ou acorrentados, mentes doentias ou gênios mutantes, o mundo os reconheceria como filhos, e cada passo dado os tornaria inesquecíveis.

Você retorna ao ponto de partida, mas descobre que dentro de você alguma coisa mudou. E que não é mais possível voltar ao passado sentindo-se atraído pelo futuro. Você pode até recorrer a ilusões banais e descobrir que o tempo não perdoa a quem insiste em ficar parado. Mas percebe que a matéria só é real na mente consciente. Na vida não importa quanto você consegue juntar nos bolsos. O que pode te levar à lona ou às nuvens – é o  consegues ser quando a mente encontra-se dentro da mente.

Você encontra no Oriente a verdade. Mas só percebe o quanto aprendeu, quando volta ao Ocidente e compreende que a prática vale mais do que dois mil anos teóricos. A meditação que antes era um relaxamento anti-estresse, acostuma-se tanto a você, que não vira um hábito, mas a consequência da sua antiga sobrevivência. O seu gramofone empoeirado frita velhos bolachões de vinil. E o som mescla o techno com o medieval. Nada mais contemporâneo que o homem de neandertal.

Praticamente aquele novo lugar parece-te tão familiar, que tens a face de teus antepassados estampada no bolso do teu cobertor. Cintos de castidade bordados no travesseiro e caracóis de veludo amarrados no teto. Você se vê e agora mais do que nunca, se sente. É como se a paz passasse a ser o motivo que te faz forte, sem jamais enfraquecer-te. Assim ou não, descobre-te dono do seu coração e aprendes a amar o que pisas. Pois és e sempre serás terra. Então amas essa terra e este lugar que não é só teu – mas que também te pertence. A terra cercada de água é o que recebestes de herança da Terra. E quer saber, eu também. 



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Comentários

  1. Maria Lúcia Ribeiro Vargas18 de abril de 2011 às 12:26

    Tudo que você escreve é muito bom, Betto! Parabéns!

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