TRAILER PARK BOYS




Por noites a fora, de bar em bar, caminhando contra o vento: sem direção. Olhando para todos os lados, procurando um rumo, chutando latas, dormindo em becos, usando drogas, comendo pouco, enchendo a cara, falando asneiras. Essa gente aventureira, humildes ou não, vivem perigosamente. Procuram em cada copo uma alegria. São capazes de fazer amor em plena rua: sem preconceito. Não devem nada a ninguém. Nem a  si mesmos. Rompem os rótulos sociais a pontapés. Possuem garra própria. Uma fúria que salta às veias, com seus olhos avermelhados, cara lavada, sangue frio: sem medo. Não possuem raízes. Laços emocionais. Somente sobrevivem a tudo isso. São mulambos que perambulam com um só objetivo: sobreviver. 

Uns jovens. Outros nem tanto. Alguns com muita idade e nada além disso. Tomam o porre d'uma felicidade clandestina. Falsa. Num minuto sentem-se especiais. E no outro: nem sabem o que sentem. São filhos do asfalto, do plano, da ausência de morros e vales, do nada. Conhecem a rua de forma prática. Precisam dela e das presas que desfilam por suas calçadas. Falam grosso, forte, metem medo, assustam, confundem. São atores de rua, mamulengos do destino, estrelas apagadas debaixo das pontes sob a luz dos holofotes. Postes. Marcam presença: sem lenço e sem documento. São personagens dos personagens, interpretados pelos sombras das sombras do Trailer Park. Boys. Girls. Gays. Black. White. People. Cats and dogs.

Esse lado escuro em nós: foge das autoridades policiais. Por isso, sinto-me numerado, fichado, tatuado, pichado, marcado. Sou o estepe dessa falsa burguesia. Proletário da democracia num mundo essencialmente capitalista e injusto. Não há lugar para os que vivem com o pé na lama. Nasci no planeta errado. Melhor seria voltar para Marte.

Ciente disso, tomei o destino à bofetadas. E não exitei em usá-las. Hoje sou a pessoa mais feliz deste mundo, mas tornei-me o ser microscópico, que ninguém vê. A cada dia que passa, sinto-me menor do que jamais fora. Sou uma alma caminhando para a miniaturização. Está nascendo uma nano-pessoa, eu sei. Está nascendo uma nano-pessoa dentro de mim. 


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Comentários

  1. Lavinia Bento Ribeiro18 de abril de 2011 às 15:25

    Amei esse texto, querido! Sucesso, meu amor. Sucesso!

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