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Mostrando postagens de agosto, 2010

GATO EM TETO DE ZINCO QUENTE

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"Sê plural como o universo!" Fernando Pessoa (1888-1935) Acordei em meio a versão trash do Sorriso do Gato de Alice - No País das Maravilhas. E fiquei noites e noites sem dormir. Acabara de ter um sonho mau que retratava o Brasil. Um pedaço do mundo apoiado numa prancha de isopor. O lugar que eu amo, mas que não compreendo. Quinhentos anos depois, no que nos transformamos? Abrem-se litros de champagne para festejar a Era de Aguários. E se enganam ao achar que carma é uma questão de ponto de vista. Aqui nada se faz e o povo é que paga o pato. Prefiro dizer: Cuide do Brasil. E se achar impossível: Insista! Não faltará um pouco de terra para um homem de bem cultivar. Derribando a desordem nacional num flash back moral. Afinal, na vida só não dá certo aquilo que não se faz com verdade. Mas o tal referido sorriso, não era do Gato. Nem de Alice. Era dos Donos da Nação. Fervilhando com o grito da sua própria sombra. Rindo daquilo que é sério, que comove, e que é real. Não era um

CARIOCA DA GEMA

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Conto inspirado em foto de Márcia Foletto Ele caminhava descompassadamente como quem fosse tirar o pai da forca. Atravessou a rua com o sinal aberto sem sequer olhar para os lados. O tempo parecia parar ao vê-lo passar. Vinha com os braços abertos como quem quisesse fazer um afago na própria alma. Tinha os olhos azuis, de um azul tão profundo, que quem passasse por ele, mergulharia no oceano do amor de Deus. Havia caminhado desde a Central do Brasil  —  onde saltara do trem vindo de Jardim Gramacho. Saíra de casa trajando um trapo em farrapos, chinelos de dedo, um largo sorriso no rosto e a alma nos lábios. Era um espírito errante e sabia que hoje precisava caminhar. Assim, acordou cedo, colocou os pés no chão, levantou-se, abriu a porta de casa e saiu. “Há uma missão na vida de cada um de nós”  —  pensou. ”Ninguém nasce por acaso. Todo mundo é único e por isso é tão especial”. Sendo assim, decidiu entrar naquele trem e caminhar. Ao atravessar a Rua da Carioca, esqueceu qual era o sent