MINA D'ALMA DO MEU CANTO



Conto dedicado à minha avó, Conceição, que ensinou-me a ler, escrever, e acima de tudo, ensinou-me a amar e ser amado. Deus te abençoe, meu amor. Deus te abençoe.



Quem você amou, minh'alma querida? Quem amou, minha doce eterna?
 Amei tudo que conheci. E sei que ainda vou amar. Pois há muito que não conheço. Eu fui investigar o sono, descobri o sonho, e tornei-me órfã. Desci pelo labirinto e vi doze carneiros negros pastando ao relento. Beijei a face da Terra e descobri que ela é azul. Estava amamentando a lua e vi pétalas cor de ameixa brotarem no sol. Comemorei os cem anos de uma pedra e a cobri com flores. E uma bela, belíssima: uma bela Era vai surgir.


Onde você cresceu, minh'alma querida? Onde cresceu, minha doce eterna?
 Estava amamentando o meu filho, que me sorriu como um relógio. Ele cresceu e cantou o meu nome. As árvores caíram em minha direção e plantei sementes de juventude na vida dos covardes. Pedi que amassem a felicidade e dessem uma festa todos os dias. E fizeram. Descobri então, que felicidade é ter medo de se arriscar, e mesmo assim o fazer. Cresci no mar ao lado de peixes selvagens, dançando sob as águas como se um deles fosse. E uma bela, belíssima: uma bela Era vai surgir.


O que te faz arder, minh'alma querida? O que te arde, minha doce eterna?
 Arde a injustiça dos homens que mentem em nome de Deus. Quando o silêncio invade os cômodos e me sinto só. Arde em mim saber que se depois de amanhã, eu não for melhor do que fui anteontem, de nada me valerá o que vivi hoje. Sei que a humanidade é forte, mas não aprendeu a ser humana. Antes de tudo é preciso ter alma. Arder é estar viva e buscando a libertação. Por isso ardo como ardem as virgens quando tornam-se sexuais. Caminho sobre as nuvens e vislumbro asas de papel. Atuo como uma velha atriz, onde a peça é uma oração, a platéia são cogumelos, parafraseando multidões. E uma bela, belíssima: uma bela Era vai surgir.


Para onde você vai, minh'alma querida? Para onde vai, minha doce eterna?
 Vou visitar o lago e amar tanto, que sei: O ser racional tornar-se-á o fruto da libertação. Por onde andei vi que a tristeza sufoca as pessoas. E se elas pudessem escolher, iriam preferir não ter coração. Achavam que se vivessem em grupos, não seriam riscadas na solidão. E que se dominassem o mundo, construiriam uma fortaleza. E aí sim, seriam amadas. Estarei à margem direita do incompreensível e falarei contigo em sonhos, para que possas crescer, e ainda ser, a criança que guardas no teu interior. Estarei indo e não perceberás. O tempo me tornará: voltando. Quando sentires sono, em ti dormirei, para que em mim possas descansar. Estarei dentro de ti. E a teu lado. Porque se escolhi para habitar o teu Eu, não exitarei em te fazer feliz. Terás medo. E por isso serás tudo aquilo que desejares ser. E não esqueças de me ouvir. Falarei através das tuas palavras. E quando houver o silêncio, abraçarei o teu peito, porque tenho medo de ficar calada, querer parar sozinha e fugir de casa. Vou morar na tua emoção. Pense em mim ou em ti. Tanto faz. Somos a mesma energia. Um sem o outro, não viveria. Agora vou pular de bungee jumping, mas não te desesperes. Tens a certeza da vida no fundo da alma. Segure nas minhas mãos e se jogue. Pois lá em baixo é mais alto se não estamos aqui em cima. Saiba amar sem sentir-se culpado. Pois amar não é errado. O meu espírito já foi sábio, já foi santo, já foi ágil, já foi manco. O meu espírito é tudo aquilo que preciso ser. As noites amanhecem. Os dias escurecem. E uma bela, belíssima: uma bela Era vai surgir.



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