BEIJA-ME






De vez em quando eu faço coisas,
Coisas que ninguém vê.
Como dar um nó no rabo do gato,
Um laço no rabo do cão,
Ou um aperto de mão,
Com os dedos sujos de graxa.

Às vezes passo horas,
Fazendo bolhas de sabão.
Horas dobrando a antena da TV,
Horas parado num canto,
Sem ter o que fazer.
Noutras,
Tiro meleca;
Depois corto o cabelo da 
sua boneca,
Noutras bebo cerveja,
Noutras vou à igreja.
Às vezes passo roupa,
Depois amarroto,
Só para ter o prazer,
 De lhe ver passar na 
minha frente.

De vez em quando eu faço coisas,
Como meditar sobre a alma do mundo,
Como coçar o pé com um garfo,
Como comer a sobremesa antes do almoço,
Como fingir que tenho um ovo no pescoço;
Imitando galinha,
Imitando cavalo,
Pulando num pé só encima do ralo.
Coisas como dizer que amo;
Quando na verdade odeio.
Coisas como comer pão com grão de centeio,
Ou colocar cimento na fechadura da porta.
Coisas como ouvir “Folha Morta”,
Coisas como ficar no quarto pelado,
Tocando o meu corpo;
Pensando em você.
Coisas como ler “O Idiota”,
Coisas que faço e você gosta;
Coisas que passam pela minha cabeça,
Quando penso em você.
Meu amor,
Eu confesso:
O dia inteiro passo pensando em você,
Por isso,
Encarecidamente lhe peço;
Quando voltar não diga oi,
Muito menos obrigado,
Quando por aquela porta entrar,
Não pense duas vezes:
Beija-me.

O que eu tenho,
Que os outros não têm?
Quanto aos outros,
Eu não sei.
Quanto a mim:
Eu aguento dois,
Às vezes,
Com jeitinho,
Três!

Eu faço coisas...





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