A MÍDIA DO BEM
Ela ligou a TV e viu tudo aquilo que ninguém quer ver: violência, tráfico de drogas, abuso de poder, preconceito, políticos desonestos, sociedade mergulhada no consumo e no dinheiro, mulheres menoscabadas, gente vendida a preço de banana, crianças mortas de fome, velhos entregues a própria sorte, um apego excessivo à morte, nenhum vestígio de vida, caridade, esperança, bem-aventurança ou sorte. Não era esse tipo de notícia que queria receber: uma carta de amor, um aperto de mão, um abraço apertado, um sorriso no rosto. Nada disso. Era só lama e imundície. Sabia que o ser humano não é isso. Deus não criaria um negócio desses. Viver não pode ser tão ruim. Desligou a TV. Foi ler um livro. Rezou. Pediu que alguém lá no céu, levasse para longe dela, essa angústia que incendeia a alma como vela. “O homem é massivo”— pensou. “O ser humano é maria vai com as outras”. “A vaca vai na frente, o boi vai atrás”. “Se a vaca for para o brejo, leva todas as outras juntas”. “Se alguém beatifica o mal, fica parecendo que viver é horrível”. “É humilhante viver numa sociedade que idolatra o mal”. Pensou no 11 de setembro. Pensou na guerra mundial. Pensou no fim do mundo em 2012. Pensou em todo o bem que fez Madre Teresa de Calcutá. Pensou no amor que foi Irmã Dulce. Pensou em Gandhi. Pensou em João Paulo II. Pensou nos beatos e nos santos. Pensou em todo mundo que fez o que ninguém faz. Pensou em Chico Xavier. Pensou em Jesus estendido na cruz. Pensou nos apóstolos. Pensou nos homens de bem. Pensou em Francisco de Assis. O que estes fizeram é maior que todo mal que se vê por aí. Todo mundo fala de maldade, de horror, de impunidade, mas se esquece que a alma da gente está presa na Terra, mas não pertence à Terra. Nós somos mais que isso: somos imortais. Não é meia dúzia de notícias ruins ou algum quilo de ódio estendido no prato, que vai quebrar a nossa balança. O equilíbrio está onde a gente está. O ser humano tem mais para dar, do que aquilo que acredita ter para receber. Os bons perdem por sua covardia. Os maus vencem por sua rebeldia. Mas haverá o dia, em que o bem subsistirá ao mal. No dia em que os homens de bem deixarem de ser covardes.
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Você é tão talentoso, Betto, que o seu texto é de uma criatividade imensa. Parabéns, querido. Você é grandioso! Bjs!
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