TRANSPARENCE






Eu tentei ser feliz com um copo d’água. Colocava gelo para aplacar a dor. Havia um buraco escuro dentro de mim. Algo que guardava a minha ausência. O medo também ali habitava. Assobiava canções que eu não queria ouvir. Deve ser por isso que odeio assobio. Quando vejo alguém assobiando, é como se o medo voltasse a habitar o meu coração. 


Um dia deixei de ter medo. Um dia deixei o vazio de lado e assobiei uma canção. Coloquei a mão no buraco e tirei de lá minh’alma. Havia uma alegria profunda dentro de mim. Havia uma vontade de viver. Parei de preencher o buraco do medo com o meu lamento. Deixei do lado de fora de mim: o meu sofrimento. Hoje acordei e o buraco havia fechado. Minh’alma estava cicatrizada por dentro e por fora. As mazelas se foram com aquele copo d’água. O copo quebrou. A água escorreu. O que era dor, virou poesia. O que era rancor, minh’alma secou.


     
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Comentários

  1. Maravilhoso texto, Betto. Você é de uma profundidade arrebatadora. Genial! Só me resta dizer: Obrigado por existir! Abs!

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