AMAR NÃO É PECADO






Ele tinha medo de amar. Vivia se escondendo atrás da desculpa que não tinha tempo para nada. Era individualista, pessimista, mal-humorado. Os anos passavam por ele como um tormento. Nada funcionava. Tudo dava errado. Vivia dentro de uma concha existêncial. “Amar para quê?” – dizia. “Dedicar toda a minha vida a alguém para descobrir que esse alguém não me ama?”. Que drama! Um belo dia percebeu que estava envelhecendo. Os cabelos brancos cobertos de tinta preta. Os olhos azuis esmaecidos pelo tempo. As rugas de expressão viraram caminhos, bifurcações, crateras, precipícios. No fundo sentia que a solidão acampara em seu jardim. No fundo sabia que ninguém nasceu para ficar só. “O que importa o que dizem os outros, se não são eles que viverão a minha vida?”. “Todo mundo enxerga quem sou, mas ninguém pode ver o meu interior”. Tinha a alma suja e o espírito encardido. Tinha a pele seca e o coração em carne viva. Mas hoje ele acordou decidido: iria conquistar um cadinho de seu em coração alheio. Iria encontrar o amor. Vestiu-se com sua melhor roupa. Fez a barba. Penteou o cabelo. Saiu pelo mundo com uma lanterna na mão. Ela iria iluminá-lo até que tivesse luz própria. Mas não precisou andar muito. Ao virar a esquina, vinha passando a menina, que mudaria a sua vida. Descobrira o amor em uma encruzilhada. Descobrira a metade de sua maçã. O medo de amar passou. Agora ele vive o amor. O amor.  



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