SONHO DE VALSA





A orquestra não parou de tocar um só instante, na noite em que lhe conheci. Foi difícil viver tanto tempo longe de você, e você ali ao meu lado, vendo a orquestra tocar. Foi bom não parar de rodar. Foi bom não ver o tempo passar. Foi bom viver aquela Serenata de Amor. Você demou demais, mas chegou. Esperei por você a vida inteira. Quando você apareceu, eu já era bem velhinho: quase um trapinho de gente a esperar pela morte. Todavia tive sorte. Antes dos cabelos embranquecerem de vez, antes de bater com as dez ou enrugar a tez, o seu sorriso apareceu-me num sonho. Dali não tardou para o sonho virar realidade. Dali não tardou para esquecermos o avançado da idade e vivermos feito dois adolescentes. Para voltarmos a ser criança, só bastou-nos fechar os olhos e cobrirmos o espelho. Você é o meu elixir da juventude. É o meu presentinho de Deus. Por isso, juntei os meus filhos e os filhos seus. Demos uma festa para que todos soubessem, que daquele dia em diantes, todos aqueles que nos pertenciam no singular, transformariam-se no amor mais plural que a história já viu. Os meus viraram seus. Os seus viraram meus. E tudo que amamos, tornou-se nosso.

Juramos amor eterno. Isso quer dizer que nos encontraremos no céu. Isso quer dizer que a orquestra nunca vai parar de tocar. Vamos rodar e rodar até libertarmo-nos das amarras da vida. Vamos rodar e rodar até a morte não mais existir. O tempo e a distância não foram capazes de apagar o nosso amor. Não sofremos um arranhão na alma. Nossos espíritos continuam intáctos. Cicatrizes houveram, sim. Mas não passaram de um machucado no corpo, que não existe mais: nem o corpo nem a cicatriz.  

A vida sorriu para mim desde o dia que lhe conheci naquela noite enluarada, naquele céu de estrelas, naquele Sonho se Valsa.



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