JINGLE BELLS




Ela sabia que era hora de renovar os votos de felicidade e abarcar resoluções de Ano Novo. Era chegado o momento do menino Jesus, que nasceu na manjedoura e morreu na cruz, em nome de uma humanidade perversa. Esse mesmo homem, que é santo, que é filho de Deus, mostrou a nós outros, que também somos filhos dessa força criadora chamada esperança. Ela sabia que é chegado o tempo da bonança. Uma época de fartura, que não é resumida apenas pela comida disposta à mesa, mas por tudo que passa por ela e ultrapassa fronteiras, porque germina de uma semente que é feita de caridade e amor. Somos um pouco dessa árvore que é fruto do Criador. Somos como soldadinhos de chumbo, feitos à imagem e semelhança Daquele, que deu a vida por nós. Esse tal Jesus que todos falam, é muito mais que um amigo. Esse homem cheio de virtudes, carregou nas costas o peso do mundo. Ele foi crucificado porque não tinha pecado. Era um doce de pessoa. Um anjo sem asas que ensinou-nos a voar. Ela sabia disso. E sabia muito mais do que isso. Enxergava a curva das coisas, vendo muito mais longe, além das fronteiras do tempo: além do sim e do não.

Ela entendia que mais importante que a ceia, muito mais importante que a troca de regalos, mais até que Papai Noel ou chocolates banhados ao mel, era a fraternidade embrulhada para presente: horas fria, horas quente, mas nunca morna. Ela gostava de festa. Gostava de seresta. Natal é uma orquestra que cabe de tudo: do piano ao violão. Ela desejava saber tanta coisa, tinha uma fome de si, que é difícil explicar. Era uma mulher faminta, uma deusa entre os vinte ou trinta, que sabia mais sobre fé e a esperança do que qualquer outra pessoa, em qualquer outro lugar.

Na época do Natal ela passava o dia rezando. Rezava pelo melhor amigo e pedia a Deus que jamais corresse perigo. Rezava pelo estranho que passava à porta. Rezava pelo conhecido que lhe devia perdão. Sabia que a vida era cortada em pedaços. Alguns doces, outros amargos. Mas sabia também que quem nasceu para aprender, não deve sofrer por qualquer coisa. Uma pessoa equilibrada sabe que mesmo por baixo, a dignidade deve vir em primeiro lugar. Ninguém é pequeno demais que não possa amar. O amor é sentimento universal. Nasce no coração de quem ama. Só morre quando a alma adoece. O amor é tudo e é nada. É uma palavra cruzada, onde tudo culmina no sentimento que transforma.

Este ano ela prometeu fazer poesia. Esse era o seu presente para o mundo. Ao pai oferecera Olavo Bilac. À mãe: Fernando Pessoa. De poesia todo mundo recebeu um pouco. Doou-se até num sorriso. Doou-se na lágrima de amor. Parada um instante no tempo, descobriu que o Natal em sua vida, era um exercício diário de solidariedade. Estava ali para quem quisesse pegar. Era uma dessas filhas da caridade, que despe-se de espírito, só para agasalhar o corpo e a alma. Por isso, quando o Natal bateu à sua porta, abriu os braços e deu-lhe o melhor de si mesma. Recebeu tudo aquilo que o amor pode dar. Recebeu amor. Recebeu amar.






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