HOJE EU NÃO SAIO, NÃO
Hoje quero Carmina Burana grudados em meus olhos. Os quero colados à alma de alguém. Quero visitar à Biblioteca Nacional de Munique e ficar horas relendo o meu espírito. Quero ver o meu lado erudito, encostar no clássico corpo de um manuscrito de pano grosseiro de lã, vestido com o hábito de frade ou freira. Ambiciono textos poéticos expostos à minha frente. Debruçar-me-ei diante deles, pedirei licença aos goliardos, caminharei diante dos códices, colocar-me-ei junto a textos poéticos gravados em madeira, degustarei a era antiga tardia até a Idade Média, e regurgitarei as memórias do Novo Mundo. O avanço do rolo de pergaminho será o meu ninho. O livro impresso será o meu laço. O livro digital será meu cabedal. O lastro da alma ali encontrar-se-á. Preso ao meu corpo: “Canções de Benediktbeuern”.
Hoje quero voltar ao século XIII. Quero beber da água da fonte outra vez. Quero me eternizar.
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