ENTRE TAPAS E BEIJOS






Ele desceu o braço nela, ela deitou a mão na cara dele, ele meteu o pé na porta, ela sentou-lhe o chute nos cornos. Era soco, era murro, era tapa, era pontapé. Dizem que em briga de marido e mulher ninguém mete a colher. Mas eles eram demais. Quando discutiam, até os vizinhos apanhavam. Nunca vi tamanha violência em toda a minha vida. Era olho roxo, era pé queimado, era perna torta, era cabeça quebrada. Acabaram os dois debaixo da terra. Morreram de mau um com outro. No velório pareciam que nem se conheciam, tamanha a paz que a morte deles trouxe. Mortos, não brigavam mais, aqueles condenados! Foram enterrados lado a lado, porque pelo sim, pelo não, podiam fazer as pazes no céu: aí iriam voltar para puxar o pé da gente. Deus me livre... Desconjuro, pé de pato, mangalô três vezes!


        
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