HERO






No cemitério das minha desilusões,
Há ferro,
Fogo,
E tantos clarões,
Que se eu vir o espelho debaixo desse céu,
Enquanto o diabo veste vermelho;
Eu visto fel.

A lua cheia,
A lama podre,
Algo cobre o veneno que me alimenta,
Vejo arco-íris desbotado no aparador,
Vejo fé e dor,
Vejo medo e cor,
Sinto uma lágrima escorrendo sob
o azul do cobertor.

Não há reparação do erro,
Não há ratos nesse quarto de despejo,
A mesma fruta que alimenta;
Mata.
O mesmo sonho que conduz;
Escapa.
O mesmo lamento que invade
o consulente,
Faz de mim;
 O axioma ausente.
O deserto é doce,
O paraíso é cálido,
O meu,
O seu,
 O teu armário.
Entro e saio ao avesso,
Sinto dor,
Sinto tropeço,
Sim,
Eu reconheço,
Mas avante vou,
Avante estou,
Como a nau do meu cabedal,
Como a fome,
Que de repente come,
Como o vento,
De que me alimento,
Como aquilo que sou,
E nada ‘soul’,
Como o manto que sopra,
E me desloca,
Como o tudo e o nada,
Como o pôr e o não pôr,
Como o tirar e o botar,
Há uma amarra;
Um travesseiro,
Uma vontade que me bate no chuveiro.
Estendo a mão,
Sinto o coração,
Esparjo e caio feito um raio.

A aurora da minha vida secou,
Há um vastíssimo louco amor,
Fecho os olhos e imantado vou,
Feito um cão sarnento,
Em mim caio e em mim arrebento,
Sinto muito;
Lamento,
Mas os cabelos doem,
Os sentimentos caem,
Esse que sai,
Carregado por argolas,
Não sou eu,
Porque este corpo,
Estendido no chão,
Não é meu.

Esta lágrima que por mim derramas,
Nesse inerte corpo em chamas,
Não mais me pertence, amor.
Porque o corvo em quem te transformaste,
Não me pertence mais.




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