DON’T WANNA GO HOME






Temos almôndegas na geladeira e uma garrafa de vinho no freezer. Coma o que quiser. Se sobrar, guarde no microondas. Eu fritei um ovo para mim. A gema ficou mole demais. Comi a clara e joguei o resto fora. Antes de ir para o andar de cima: traga-me uma aspirina. Antes de ir para o andar de baixo: traga-me um dedo de plástico. Nunca dormi tanto, depois de dias de insônia. Hoje fazem três meses que você se foi. Para não ouvir a porta bater, arrumei uma dor de ouvido tão intensa, que ouço gritos no silêncio. Você diz que o que escrevo é hermético. Voce diz que tenho o sangue sintético. Você jura não ter coração. Eu, não. Tenho sentimentos engarrafados. Trago o coração junto ao peito. O meu amor está preso numa bacia de formol. Tenho o cabelo tipo caracol. Tenho as sombrancelhas mais grossas que as suas costas. Tenho marcas na espírito e nas roupas. Tenho um sono profundo. Hoje visitou-me uma alma do outro mundo, que disse-me que no dia que eu me for, você  vai voltar.


  

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