THE DAY YOU DIED







O dia em que você morreu, eu estava lavando roupa no tanque. Tinha um balde cheio d’água, roupa suja num canto, pregadores azuis, outros roxos, outros ‘blues’. Velas acesas em cima da mesa. Gelo e isopor no basculante. Ouvi o seu grito e corri com café quente na mão. Tinha restos de cera no ouvido e um piercing tatuado na testa. O cachorro corria com um vibrador na boca. Tentei alcançá-lo, mas não pude. Derramei pó de café no tapete. Passei um pano na sala. Vomitei quatro litros de vodka, carreguei uma mala de diamantes, passei desodorante, fumei uma alcachofra, depois raspei os pelos do umbigo.


O dia em que você morreu foi o mais difícil para mim. Tinha feito bolo de aipim. Tinha comido dois ou três brigadeiros. Por sua causa, perdi a minha novela. Por sua culpa, deixei de ler “Gabriela”. Por sorte minha, guardei o livro no banco. A novela já dei por perdida, porque depois disso, nunca mais passou.  Naquele dia, tinha chovido à noite. Naquele dia, botei fogo no cobertor. Vendo-me ali, o seu corpo carbonizado; triste ficou. Vendo a casa cheirando à borracha queimada, mortifiquei. Quero “Windows na Nuvem”. Quero paz e sossego. Mas o fato de você morrer sem avisar, foi a gota d’água. Por favor, não me maltrate mais. Seja lá o que você sinta: Por favor, não minta. Não faça de mim um de seus problemas. Porque o dia que você morreu foi horrível para mim.      


O pneu do carro furou. Meu castelo de areia: o mar levou. Meu amor: a chuva apagou. E o que era azul, virou tempestade.  Por isso, por caridade, não morra nunca mais.



THE DAY YOU DIED ©  copyright by betto barquinn 2011
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