FIREWORK
Hans Christian Andersen acabara de escrever “O Patinho Feio”. Passara três dias e três noites sem dormir. O livro consumira-lhe à alma. Lembrou-se que durante todo esse tempo, não havia comido nada. Foi à cozinha e fritou umas rabanadas. O café havia acabado: tomou chocolate-quente com essência de baunilha. Uma vez terminado, o livro não servia-lhe para nada. Agora seria encontrar alguém que quisesse editá-lo e dar a ele as rédias de sua vida. “Quando acabo de escrever, a Obra não me pertence mais” – concluiu. “Agora é com o leitor” – desabafou. Estava exausto. Impecável do âmago d’alma à medula óssea, revisou frase por frase até desmaiar no récamier. E ali ficou, quietinho, até que um sonho veio bater-lhe à porta. No sonho, um cisne ferido de morte, deixa antes de partir, um ovo no ninho de uma pata. Sem saber, a pata choca o ovo. Vinte oito dias depois, lá está o pequeno cisne nadando no meio dos patos. Como é muito diferente dos outros, a mãe-pata acha estranho ter trazido ao mundo alguém tão distinto. Mas lembrou-se que somos todos iguais a pesar das nossas diferenças, e relaxou. O patinho sofre muito: é difícil ser vítima de preconceito e ainda andar com a cabeça erguida, mas ele conseguiu. Chegou ao ápice da beleza física e espiritual: tornando-se um belo cisne. Hans Christian Andersen acordou feliz da vida, certo de que fizera um bom trabalho. Os anos passaram e ainda hoje tudo que ele escreveu é um conto de fadas. Assim acaba a nossa história, mas o nosso sonho, aquele que nos acompanha por toda a vida, não termina jamais.
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TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY BETTO BARQUINN
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