AINDA BEM






Um dia a gente acorda com o grito preso na garganta. E descobre que passou do ponto. O que era vinho: azedou. E deste vinagre transformado em alma, desse vinho transformado em tempo, há um quê de solidão estampado no lamento. O ranso como saída. O fim como despedida. Almas jogadas ao vento como mágoas no ventilador. Mas também tem aquele dia que o amor chega sem avisar. Vem preparado para não dar azo ao azar. Vem com gosto de água na boca. Vem como febre. Vem como seio. Vem como meio. Vem como mão. Vem como a cotovia-de-poupa: Vem sem roupa. E nas minhas reentrâncias: suas. E nas suas reentrâncias: minhas. E na sua abundância: eu. E na minha saliência: você. Somos um dentro do outro. Um dentro de dois. Dois na superfície do todo. Mergulhados no âmago do ser. Na profundidade que faz nós em nós. Somos o agora e o depois. Somos a eternidade deste instante. Doravante, somos dois em um. Somos 2 e 2. 1+1 são 2. Ora pois: Somos o infinito de nós dois.
  




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