SÓ MAIS UMA NOITE






Não sei o que fazer para acabar com a insônia de minh’alma. Simplesmente não consigo dormir. Meu médico diz que é assim mesmo. Daqui a pouco o sono vem e pronto: durmo. Mas não é isso que acontece. Tenho amanhecido um velho. As bolsas dos meus olhos medem o tamanho da minha existência. Ontem dormi cinco minutos. Passei a madrugada olhando para o nada. Tomei uma xícara de chá e nada. Fiquei olhando o mar e nada. Observei o peixe nadar e nada. Liguei a TV e nada. Só tinha filme chato. Em um deles, um serial killer matou a metade do elenco. A outra metade já estava morta no início do filme. Como não tinha nada para fazer: assisti. O final do filme foi frustrante. O serial killer virou uma beterraba. Aí aconteceu-me aquilo que acontece com quem não consegue dormir: fiquei duas horas pensando naquela história sem pé nem cabeça, morrendo de medo de um serial killer invadir a minha casa e virar beterraba. Em pânico, desliguei a TV. Corri para a esteira ergométrica e caminhei umas mil léguas. Fiquei exausto. Tomei um banho quente, um gole de aguardente, fumei um cigarro de alface e o sono não veio. Amanheceu e nada. O sol batia à janela como quem assalta um  estranho: sem dó nem piedade. Fechei a cortina para manter o meu breu interior. Fiquei ali escondido a manhã inteira. Quando deu meio dia o sono chegou. Mais uma noite sem dormir e o sono me chega a uma hora dessas? Frustrante. Mas tudo bem: O que é uma noite sem dormir no meio de tantas outras acordado? Nada. Aliás: tudo. Mas tudo bem... Só mais uma noite.


  
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