PRENDA O TADEU
Ele amava Norma Jeane Mortensen. Gostava mais dela do que da Marilyn Monroe: embora fossem a mesma pessoa. Dizia que quando Norma tornou-se Marilyn, perdeu a graça. O que a fazia especial era saber que era filha de uma mulher que fora internado no hospício, Gladys Pearl Monroe, e de pai desconhecido. Aquela que passou a infância sendo jogada de lá para cá, que morou em orfanatos e em casas de parentes, que gostava de ser abraçada, viveu uma vida de solidão. Dessa insegurança desgraçada ele gostava. Excitava-o saber que ela poderia morrer a qualquer instante, sem ninguém para segurar-lhe a mão. Daquela que estrelou “The Shocking Miss Pilgrim”, “Dangerous Years”, “Green Grass of Wyoming”, “You Were Meant for Me”, “Scudda Hoo! Scudda Hay!”, “Ladies of the Chorus”, “Love Happy”, “A Ticket to Tomahawk”, “Right Cross”, “Home Town Story”, “The Fireball”, “The Asphalt Jungle”, “All About Eve”, “As Young as You Feel”, “Love Nest”, “Let’s Make It Legal”, “O. Henry’s Full House”, “Monkey Business”, “Clash by Night”, “We’re Not Married!”, “Don’t Bother to Knock”, “Niagara”, “Gentlemen Prefer Blondes”, “How to Marry a Millionaire”, “River of No Return”, “There’s No Business Like Show Business”, “The Seven Year Itch”, “Bus Stop”, “The Price and Showgirl”, “Some Like It Hot”, “Let’s Make Love”, “The Misfits” e “Something’s Got to Give”, ele não gostava. Mulher para ele tinha que ter o rosto sofrido, a pele pálida, as pernas bambas de dor. Segundo ele, sensualidade e glamour, deixavam-na desguarnecida. Falava da Marylin e não da Norma Jeane. “Melhor seria se tivesse morrido ao nascer, no Country Hospital em Los Angeles, do que morrer aos trinta e seis anos em Brentwood”.
Ele amava Norma Jeane Mortensen. Mas ela virou Marilyn Monroe, e da Marilyn, ele não gostava.
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