WHEN I AM LAID IN EARTH



“Dido and Aeneas”, de Henri Purcell:

Ela buscava algo dentro de si, que não tem nome nem palavra, porque há coisa nessa vida que não se traduz na matéria. O cérebro não reconhece, pois o olho não vê. E como não tinha a palavra nem o nome, restara-lhe aquele gosto amargo na boca, de ter que aceitar as coisas como são. Porque as coisas sempre são como são. Mas nós tentamos mudá-las, como fazemos com as pessoas, sem percebermos que somos nós que precisamos da mudança. Ou da aceitação. Pois as coisas são como são.

Mas havia algo dentro dela. Algo que não sabia dizer o que era. Soluçando, deixou a lágrima escorrer pelo canto do olho, como se fosse a alma que se esvaía gota a gota. Não era choro de alegria ou tristeza. Nem de alívio ou de dor. Era a emoção que precisava se expressar. Então, expressou-se. Ela sentia um vazio na alma. Tivera muitas perdas. Parecia um ser de outro mundo. Não se reconhecia quando olhava no espelho, porque aquela ali olhando para ela, não tinha palavra nem nome para lhe dar. Era uma estranha no próprio corpo. Uma alma em busca de si mesma, ciente do espírito que era, mas que havia se distanciado tanto da própria essência, que agora ficara difícil saber de que mundo viera. Era o tempo da aceitação. Ou da ruptura. “As coisas são como são”balbuciou quase de forma inaudível. O som, mesmo fraco, reverberou pelos quatro cantos da casa; depois pousou numa xícara de chá, silenciando no gesto, indagações e indagações.   

Ela buscava algo dentro de si, que não tem nome nem palavra, porque há coisa nessa vida que não se traduz na matéria.

Ela era uma ilha isolada.








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