GOODY GOLLY MISS MOLLY




Me and Mr. Jones:

Ele dizia que o artista tem o dever de pensar a sua Obra, transformando-a em algo que gere benefício para toda a humanidade, — seja hoje ou daqui a mil anos. Segundo ele, qualquer dom criativo que alguém carregue, é um empréstimo de Deus. E como tal, não pertence ao sujeito. É uma ferramenta, como o serrote na mão do carpinteiro ou o bisturi na mão do cirurgião: é para ser usado com cautela. “O artista deve engajar-se em causas sociais, — sejam elas de cunho político ou não” — dizia. “Porque no fim tudo é política, — partidária ou não-partidária” — completava. “O ser humano é um ser político por definição. Do útero ao túmulo, a gente faz política. Um bebê quando chora, seja porque está com fome ou porque a chupeta escapuliu-lhe à boca, está fazendo política. Assim é a vida na Terra… Por isso, acho impossível ver um artista apático, ensimesmado, egocêntrico, com ar de superioridade, vaidoso, autocentrado, ególatra, excludente, achando-se acima do bem e do mal; o último biscoito do pacote, — e não sentir pena dele. O artista é um operário da Arte” — dizia. “E deve comportar-se como tal. Intelectual que se preze, sabe que o indivíduo; seja ele cantor, ator, escritor, pintor, filósofo, ou qualquer outro, — tem como missão o sacerdócio” — comentava. “Aplauso e fama são consequência de serviços prestados. O bônus e o ônus da profissão. Mas que isso não represente ao artista que ele está acima de sua Obra, pois não está. A Obra sim é algo maior, porque como disse na gênese do nosso encontro, é fruto de Deus. Engana-se quem pensa que inspiração é obra do acaso. E é bom lembrarmos que aquilo que temos, por mais valioso que seja, se é da matéria, nasce e morre na matéria. O verdadeiro tesouro é aquele que vem de Deus. É ele que nos acompanhará quando o nosso corpo descer ao túmulo, e não tivermos nas mãos, nada além de nós mesmos. ‘Tu és pó, e ao pó voltarás’, — lembra-te? Isso quer dizer que só o teu interior é teu. Nada na matéria te pertence. Portanto, espiritualize-se. Do contrário, chorarás rios de lágrimas quando partires deste mundo. ‘A cada um segundo suas obras’, — remember? Viver é rock and roll, baby! Rock and roll! Logo, cuidado com o que fazes como o dom de Deus. Pois irás prestar contas mais tarde, quando estiveres frente a frente com o Criador. Não queiras sair envergonhado deste encontro. Não vale a pena…”

Ele falava coisas assim. Para o resto do mundo era só um mendigo. Para mim era um enviado de Deus.     







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