QUANDO ASSIM







Estava no telefone com uma amiga muito querida, que dizia-me que tinha um carinho muito grande pelo filho de sua empregada doméstica. Minha amiga tem dois filhos lindos: João e Maria são de fato espíritos muito iluminados. Ela dizia ter tido sorte. “Ter filhos fortes e saudáveis nos livra de muita preocupação” – concluiu. E eu respondi: ‘É a mão de Deus’.


Acontece que no seio dessa família abençoada, surgira Maria de Lourdes, a secretária do lar, com seu filho no ventre. Minha amiga dera-lhe guarida e o menino cresceu correndo pela casa. Pedro Paulo é luz no fim do túnel: tem um quê de esperança e algo mais de alegria. Acabou tornando-se parte dessa família. Minha amiga nunca fez distinção entre os dela e o da outra. E esse amor só vem aumentando. Ela faz tudo que pode pelo garoto. Se dá um presente para os filhos, lá está Pedro Paulo sendo presenteado também. Os três estudam na mesma escola. Os três fazem o mesmo cursinho de inglês. Os três são inseparáveis. Vistos de longe: parecem um. Vistos de perto: não são mais que dois. Minha amiga que dera à luz a um par de espíritos iluminados, ganhara um terceiro que brilha mais que a luz do sol. O menino é mesmo uma benção. Às vezes ele a chama de dinda: Ela sorri. Às vezes a chama de tia: Ela infla-se toda. Realmente tem algo de Deus pairando sobre aquela família. Todos se dão tão bem, todos respeitam-se tanto, que é difícil dizer que não são todos parentes. Aí lembrei-me de uma conversa que tive com minha mãe, que dizia:
“Deus coloca as pessoas de forma meio torta na Terra. Torta para nós espíritos, que não sabemos o porquê das coisas de Deus. Por isso quanto mais próximos no céu, Deus dá um jeito de nascermos, senão na mesma família de sangue, ali por perto.  Você nasceu de uma outra mulher. Seu pai e eu não podíamos ter filhos. Depois de anos de espera e tentativas frustradas, decidimos ir até um orfanato e adotar uma criança. No primeiro orfanato que entramos, você acabou nos conhecendo, porque estávamos a sua procura. No momento que lhe vimos, sabíamos que você seria nosso filho. Você poderia ter vindo como o rapaz que lava nosso carro, o vendedor do shopping, o porteiro do nosso prédio, nosso colega de trabalho, ou qualquer outra coisa. Os parentes espirituais estão por aí. Os espíritos não sabem, porque esquecem. Guardam dentro de si o gérmen da verdade, mas o nosso Pai Misericordioso vai aproximando as pessoas aos poucos. Por isso não ridicularize ou menospreze ninguém. O filho da sua empregada pode ser seu filho no céu”. 

Contei essa história para minha amiga. Não foi preciso dizer mais nada. As palavras da mamãe falaram por nós dois. Desligamos o telefone e ficamos quietos no nosso canto, quando assim aconteceu. 


A vida é assim: Tudo tem a sua razão de ser e nada acontece por acaso.



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Comentários

  1. Você é um ser humano admirável. Escreve com tanta força, com tanta magia, e ainda consegue dialogar com poesia. Esse seu texto tem ensinamentos profundos. Costumo dizer que as pessoas saem vivendo e não se dão conta do que fazem. Você, não. Tudo aqui é tão pensado, tão inteligente, tão genuíno e cheio de sabedoria, que vendo uma pessoa assim como você, me dá a certeza que Deus existe. Você é um pensador, meu caro. Não conhecia o seu blog, nem sabia que você existia. Mas segundos depois de conhecer esse lugar mágico, já virei seu fã. Gostaria de te conhecer pessoalmente e te dar um abraço. Pessoas como você, tão cheias de energia positiva, passam o melhor da vida para a gente. Sucesso, Betto. Sucesso!

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  2. Lindo, Bettinho! Você está escrevendo cada vez melhor. Sucesso, meu rei! Bjs!

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