AYER





Ontem o amor saiu de mim como quem sai para comprar cigarro. Ontem o amor foi embora sem hora para voltar. Eu esperei. Esperei à rezar. Rezei, rezei, rezei. Mas o amor não veio.

Ontem esperei até às três da manhã pelo amor. Eu e o cobertor: esperando o amor.

Debaixo da porta: o amor colocou uma carta torta. Por debaixo da porta: o amor passou uma folha morta. Em suas mal traçadas linhas, pediu-me desculpas por não me ter amor. Em suas mal traçadas linhas, pediu-me perdão por não me amar. O amor deu-me aulas sobre o amor. O amor é uma espécie de professor. O amor ali: e eu calado. Isso tudo para dizer que o amor havia acabado. E eu ali, parado, esperando-o voltar.




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Comentários

  1. Que texto lindo, Betto! Você é um escritor perfeito, querido. Sempre fico emocionada quando leio seus textos. Deus te abençoe, amado. Beijos!

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  2. Roberto dos Santos SIlva15 de agosto de 2011 às 07:37

    Muito maneiro mesmo, cara. Parabéns!

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