LONGE



Descalabro:

Tesouro de minh’alma, onde estás que não respondes? Saíste para conhecer o mundo e até agora não voltaste para dizer se lá faz calor ou frio. Por favor, amor: dá-me um pouco da tua poesia, pois sem ela a nostalgia toma conta de mim. Sem ti: parto-me ao meio. Na tua ausência: sou um homem sem recheio. Tesouro de minh’alma: és a veia, sou o veio. Esperei-te a vida toda, e agora que a vida de mim se esvai, não estás aqui para ver-me partir. Logo agora, chegou a minha hora. Outrora, era eu que dava-te minhas lágrimas de despedida. Hoje, choro por ti e por mim, já que daqui te apartais. Que sorte a nossa… A solidão como garantia de uma vida fria. A desolação animando as batidas do coração. Pulso fraco, corpo sombrio; arrepio. Às vezes olho-te. Noutras espio. Coração vazio.               



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