RISE IN THE SUN






Estávamos muito felizes com a realização do projeto Web TV. Já havia se passado cinco meses desde a estreia de “Muito Barulho Por Coisa Nenhuma” e éramos os top trends. Disponibilizamos diversos aplicativos que possibilitavam que os internautas assistissem o iShakespeare em seus smartphones, tablets, laptops, desktops e palmtops. O sucesso foi tão grande que tivemos que mexer no projeto original, que era de dez episódios de vinte e três minutos em um mês, e expandir o seriado para treze episódios por temporada, com os mesmos vinte e três minutos por episódio, passando de diário para semanal, com contrato mínimo de dois anos. Foi uma loucura! Tivemos que reescrever tudo em questão de segundos, reunir os patrocinadores, tentar aprovar às pressas, o que normalmente levaria meses, rever as diretrizes dos anunciantes, propor mudanças significativas para os diretores, acalmar a produção, convencer o elenco a decorar laudas e laudas, criar uma atmosfera de serenidade no meio do caos, e ainda fazer com que os protagonistas aceitassem trabalhar diuturnamente, com pequenos intervalos, para que todas as metas fossem cumpridas. A equipe, depois de muita discussão, acabou concordando. Inesperadamente conseguimos o patrocínio de um grande banco, devido a boa impressão que o projeto provocou na mídia. Fora as propostas milionárias que chegavam ao nosso escritório de advocacia, que eram analisadas e assinadas a qualquer hora do dia. Era o show business dando a cara à tapa: todos querendo pegar carona nessa magistral Obra de Shakespeare.  

O projeto era ousado. Transferimos o Palácio de Messina, onde acontece a mise-en-scène, para um estúdio com cenário em Chroma Key. Perfeito! As imagens que conseguimos da Itália do século XVI eram belíssimas. Tudo conspirava para que o projeto se tornasse o sucesso em que se transformou.

No primeiro episódio, Hero e Beatriz, filha e sobrinha de Leonato, governador de Messina, caminham alegremente pelos arredores do palácio. Naquele instante avistam a chegada de um grupo de oficiais do Exército, em visita a Leonato, trazendo as boas novas do fim de uma guerra. Entre eles está D. Pedro, Príncipe de Aragão, seu irmão, D. João, Cláudio de Florença, amigo pessoal de D. Pedro, e Signor Benedick de Pádua. Os estrangeiros eram muito admirados pelo governador, por sua condição de bravos cavaleiros. Como já haviam hospedado-se diversas vezes no palácio, senhores ilustres que eram, foram recebidos com toda pompa e circunstância, embora fossem considerados como membros da família. Assim que adentraram à residência oficial do governador, este mandou chamar a sobrinha e a filha, para que saudassem os heróis daquela guerra. Neste clima de euforia, termina o primeiro episódio da série.

Na semana seguinte, o segundo episódio começa com os relatos de bravura dos cavaleiros, ressaltando os horrores da guerra. Benedick é o mais falante, garboso orador, que faz da retórica seu predicado proeminente. Beatriz, tão loquaz quanto ele, desdenha de tudo que o cavalheiro narra, dizendo que ele não passa de um contador de histórias. Benedick releva os comentários depreciativos da donzela, ignorando-a. Das vezes que estiveram juntos no palácio, ambos construíram uma animosidade difícil de ser removida. Ela não gostara dele, ele não gostara dela, e assim viviam de farpa em farpa, exteriorizando o mau estar da presença do outro.

Contiuando a história, sem nos atermos a capítulos, o episódio continua, passando do segundo para o terceiro, do terceiro para o quarto, e assim sucessivamente, até chegarmos ao momento em que Cláudio, confidencia a Dom Pedro, que está enamorado de Hero. A dama é uma belíssima moça, a quem o jeito extremamente tímido, deu-lhe ares de ninfa. Educada, recatada, doce como o quê. O príncipe, muito feliz pelo amigo ter lhe segredado sentimento tão íntimo, decidiu ajudá-lo. Para tal, conversa com Leonato, que aprova o romance, oferecendo a mão da filha em casamento. Hero, obediente que só, aceita os desígnios do pai, e intenciona casar-se com Cláudio. Acontece tudo muito rápido, como era comum naquela época, e o casamento é marcado para dali a três dias. Incomodado com a aversão de Beatriz pelo senhor de Pádua, o príncipe combina com Cláudio, que já que haverá casamento, por que não unir em matrimônio o improvável casal? Assim seriam dois enlaces no mesmo dia, e todos viveriam felizes para sempre.

Depois de alguns desencontros, Dom Pedro e Claúdio conseguem unir os corações de Beatriz e Benedick. Esses, que pareciam que jamais apaixonariam-se um pelo outro, estavam agora a ver passarinho verde. Era chegada a véspera do casamento de Cláudio com a filha do governador. Contudo, como sempre há um mau espírito rondando as nossas vidas, e de quando em quando por imprevidência nossa, ligamo-nos a ele, surge Dom João, irmão de Dom Pedro, e arma uma cilada para o jovem casal. Dom João nunca gostara de Cláudio, por ciúme da amizade dos dois. E como odiava o irmão, que em breve seria coroado Rei de Aragão, resolveu divertir-se azedando a felicidade dos noivos. Usando de subterfúgios de baixíssimo escalão, Dom João contrata um malfeitor de nome Borachio, para encenar uma farsa, onde convence Margarida (dama de companhia das donzelas) a vestir-se com as roupas de Hero, e passar-se por ela. Assim Dom João faria chegar aos ouvidos de Dom Pedro e de Cláudio, que Hero encontrar-se-ia com seu amante à meia-noite, horas antes do casamento. Isso revoltaria Vossa Majestade e seu amigo, fazendo os dois passarem a repudiar a alma de Hero. O plano transcorre perfeitamente, e ao ver Margarida surgir na janela do quarto de sua senhora, vestindo suas roupas, os cavaleiros convencem-se que Hero é infiel, indígna dos sentimentos de Cláudio.

Na hora do casamento, Cláudio revela a todos a suposta traição de Hero. Leonato fica revoltado com a filha. Esta desmaia e é dada como morta. Úrsula, a outra dama de companhia das moças, está parada ao lado de Beatriz, e fica inconsolável com o absurdo relatado na igreja. Dom Pedro e Cláudio abandonam o recinto, deixando ali Benedick, que cuida de socorrer a donzela. Neste momento, Beatriz diz a Signor Benedick, que se ele a ama, deve matar Cláudio. Benedick, a contra gosto, acata a solicitação de sua amada, e espada em punho, intenta pelear com o senhor de Florença. Dom Pedro intervém e a briga acaba. Mas eis que chega Leonato, que diz que irá lavar a honra da filha com sangue, matando Dom Pedro e Cláudio. Após muita confusão, os ânimos se acalmam, e a paz volta a reinar no Palácio de Messina.

O padre que celebraria o casamento, vendo no absurdo que se transformou aquela união, tem a ideia de fingir que Hero havia morrido, e assim, enquanto apurava os fatos, resguardaria a donzela de maiores aborrecimentos.

No dia do sepultamento de Hero, apenas Beatriz, Leonato e Benedick, sabem que a donzela está viva. Seguíam todos o cortejo fúnebre, quando veio a notícia de que o mal entendido não passou de um plano sórdido arquitetado por Dom João, para acabar com a felicidade dos noivos. A verdade fora relatada com toda riqueza de detalhes pelo magistrado que prendera o lacaio de Dom João. Agora encarcerado, Borachio confessa a autoria do crime. Dom João foge, mas é capturado.

Como era de se esperar, já que tudo fora explicado, Cláudio casa-se com Hera, Benedick casa-se com Beatriz, e vivem felizes para sempre.

Assim chega ao fim a primeira temporada de “Muito Barulho Por Coisa Nenhuma”. A continuação teremos que criar, já que Shakespeare não nos deixou outra alternativa.

Coming soon!





              
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