A MIDSUMMER NIGHT’S DREAM






Já estávamos na quinta temporada de “Sonhos de Uma Noite de Verão”, – uma livre adaptação para TV do clássico de Shakespeare. Fora um projeto ambicioso, que envolvia técnicos do mundo inteiro. A equipe era enorme. Trouxemos maquiadores da América do Norte, especialistas em efeitos especiais da Europa, redatores do japão, diretores da África, sem contar o pessoal da produção, que vinha de diversos pontos do planeta. Era a nossa Babel pós-moderna, unindo profissionais de diversas áreas, em prol de um objetivo comum: transformar a TV aberta num espaço de transformação social. Queríamos dialogar sobre os sentimentos humanos através da Arte. A série era um sucesso, embora custasse uma verdadeira fortuna para os cofres da emissora. Tanto investimento valia a pena, porque atraíra centenas de anunciantes e patrocinadores, o que permitia a permanência do programa. O pública amava! Recebíamos tantas cartas de agradecimento da audiência, que era impossível não se emocionar. O projeto que duraria apenas uma temporada, foi sendo esticado ao máximo, fazendo do nosso Shakespeare: um produto de fama internacional. Era impossível manter-se apático a algo tão retumbante. Estávamos na internet, nas revistas, nos jornais. Tínhamos os nossos rostos estampados em camisetas, canecas, bonés, outdoors, e uma infinidade de produtos. Foram lançados cinco CD's, um para cada temporada, que juntos chegaram a soma de duzentos prêmios Grammy. Tornamo-nos os queridinhos da mídia, ficando mais tempo dedicados em promover a série (que tinha um episódio por semana), do que dentro do estúdio. As coletivas de imprensa eram intermináveis. Sempre respondíamos as mesmas perguntas em diversos idiomas. Por conta disso, o elenco teve a intimidade totalmente devassada. Eram paparazzis espalhados por todos os lugares, em busca de uma foto suspeita, uma declaração impactante, um encontro furtivo na calada da noite, uma imagem exclusiva que valeria milhões de dólares. Perdemos o direito de ir e vir: sem termos os nossos rostos divulgados em rede nacional.  Era o preço da fama. Era complicado viver sob tamanha exposição na Bilboard. Mas pagávamos regiamente pelos cinco minutos de fama, porque todo o elenco queria que o projeto se tornasse um marco da teledramaturgia mundial. E tornou-se. Por conta disso, comprei casa, carro, abri minha produtora de TV, criei minha grife, realizei alguns sonhos antigos, como dar a volta ao mundo e adotar uma baleia. Fiquei  mais conhecido que o Pelé, o Papa e a Rainha da Inglaterra juntos! Logo eu, um ator sério, virei celebridade instantânea. Oh my God!

Passávamos o dia no estúdio, vivendo como se estivéssemos na Grécia Antiga, habitando a remota Atenas de então. O elenco era composto dos personagens Egeu (um velho), Teseu (duque de Atenas), Hérmia (filha de Egeu), Demétrio (prometido de Hérmia), Lisandro (rapaz a quem Hérmia amava), Helena (amiga de Hérmia e enamorada de Demétrio), Oberon (rei dos duendes), Titânia (rainha dos duendes), um menino (órfão protegido de Titânia), Puck (também conhecido como ‘Camarada Robim’ – ministro e conselheiro de Oberon), Flor de Ervilha, Teia de Aranha, Mariposa, Grão de Mostarda (fadas), um campônio (Cabeça de Burro), gnomos e fadas (figurantes).     

Eu, o protagonista Lisandro, vivi com minha Hérmia (interpretada por uma grande atriz de teatro), todo o “Sonho de Uma Noite de Verão”. Foram anos e anos dedicados à dramaturgia, em especial nesta montagem de Shakespeare, a quem a minha vida marcou profundamente. E agora, do alto dos meus oitenta e nove anos, relembro este e outros momentos inesquecíveis, da minha intensa biografia.

Aqui jaz a minha história de amor.




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