VAMOS FUGIR


Todos contra a homofobia:

Recebi um flyer das “Mães pela Igualdade”. É uma campanha que propõe o amor pelo amor. São mães falando da aceitação da orientação sexual homoafetiva de seus filhos. Elas pedem o fim da discriminação, da violência e da homofobia. Aí pensei: “É claro que uma mulher quando está grávida não deseja que seu filho seja homossexual. Mãe nenhuma, se perguntarem: “O que você quer que seu filho seja quando crescer?”, — responde: “gay”. Mas se o filho é gay, o que ela vai fazer com ele? Pôr fogo?! Acho que nem Medeia seria capaz de um absurdo desses. Se mãe que é mãe sabe o filho que tem, também sabe o amor que carrega no peito. Por isso apoio a iniciativa da All Out. Porque quero que meus filhos cresçam aceitando o outro como ele é. A diversidade existe. Está aí para todo mundo ver. Não adianta tapar o sol com a peneira. Fechar os olhos e cruzar os braços seria pior ainda. Cada um é livre para ser o que é. No dia que amar for errado, viver será um desastre. Portanto, digo e repito: Aos meninos e meninas, aos pais e mães, à sociedade global como um todo, vivam e deixem o outro viver! E quando quiserem saber se estão certos ou errados, deixem o amor dar o seu recado. Pois o amor é sentimento com possibilidades tão numerosas quanto as estrelas do céu. 


Um pouco das mães para você:

Angela Moysés Brasília / DF

Quando soube da homossexualidade da minha filha mais velha, há 8 anos, minha maior preocupação foi com o preconceito que ela viria a sofrer. E eu nem imaginava que ela seria ameaçada de morte, apedrejada na rua, perderia amizades. 

Como mãe, preocupada com o índice alarmante a que chegou a homofobia em nosso país, é que me choco quando líderes religiosos e políticos sobem aos pulpitos, às tribunas e vão à mídia para despejarem seus “conhecimentos” sobre a homossexualidade, preferindo (in)verdades absolutas, baseadas em crenças e opiniões pessoais, contaminando as plateias com seus conceitos errôneos sobre o assunto e instigando a sociedade contra pessoas cujo único “pecado” ou “crime” é amarem seus iguais.

Como mãe, eu conclamo nossos governantes a garantirem a laicidade do Estado brasileiro, a lutarem pela IGUALDADE de direitos e a punirem a homofobia que vitima nossos e nossas jovens homossexuais diariamente.

Angélica Ivo – São Gonçalo / RJ

Eu não tinha conhecimento de crimes motivados por homofobia (crimes de ódio), não tinha conhecimento dos requintes de crueldade que um indivíduo comete com suas próprias mãos em outro ser humano, motivado por homofobia. Não posso aceitar os motivos que levam alguém a cometer tal crime. No meu caso, meu filho Alexandre Ivo, de 14 anos, foi sequestrado e torturado física e psicologicamente por mais de 3 horas, de acordo com o relatório do legista.

Gostaria de fazer um pedido aos pais e mães, que são os primeiros educadores: que conversem com seus filhos e os entendam; respeitem e com certeza serão respeitados, conversem, aprendam a ouvir e abram seus corações para o aprendizado da diversidade. Eu queria ter tido essa oportunidade, sendo meu filho homossexual ou não, de estar hoje aqui com ele em meus braços.

Todos nós temos como condição cidadã respeitar a diversidade como um todo e nos incluirmos nela. A luta é por respeito à vida. Hoje, a HOMOFOBIA MATA. O meu filho Alexandre Ivo retrata isso literalmente. 

Áurea Lúcia – Brasília / DF

Sou mãe de sete filhos. A primeira é Jandira, gerada em mim. Falou, andou, cresceu e floresceu. Parceira querida e generosa. Certa vez, a vida até nos permitiu ser mães juntas  eu, pela sexta vez; ela, estreando. Fizemos barriga e enxoval juntas e amamentamos nossas crias em venturosa cumplicidade.

Daí floresceu a mãe e a mulher viçosa, valente, determinada do talento criativo e da disposição para viver a vida com responsabilidade. Floresceu a profissional competente e a cidadã solidária da liberdade e da coragem de olhar com honestidade para si mesma, amar-se e revelar-se lésbica.

Floresceu a universalidade do amor em nosso lar, em nossa família, e de meu desejo de compartilhar esta felicidade, integro-me às Mães pela Igualdade.

Cecília Aprigliano – Brasília / DF

Ser mãe é a coisa mais fantástica que me aconteceu! Minhas filhas tiveram a liberdade de fazer suas escolhas. O que importa é vê-las realizadas e felizes. Tudo é tão simples!

 Clarice Cruz Pires – São Paulo / SP

Eu aceitei a homossexualidade do meu filho desde o primeiro momento em que eu fiquei sabendo. Antes de descobrir a verdade, eu achei que ele estava envolvido com drogas, porque ele era muito triste, muito quieto, muito afastado Um dia ele chegou em casa chorando, dizendo que estava com dor de cabeça, pôs o travesseiro na cabeça e disse que tinha vergonha de me contar o que estava acontecendo, aí eu perguntei para ele: você não gosta de mulher, né? Aí ele afirmou que era homossexual, e que desde os nove anos ele já sabia que ele era diferente.

Para mim este processo de descoberta da homossexualidade do meu filho foi o começo da família, e não o fim! Nós ficamos mais unidos. Eu senti que isto serviu para unir mais ainda os irmãos. Só tenho essas palavras para dizer a ele: “amo você do jeito que você é. Você é maravilhoso”. Eu só tenho alegria com ele; com meus três filhos eu só tenho alegrias.     

Debora Aleixo – Rio de Janeiro / RJ

É muito fácil para os pais dizer ‘Eu amo’, ou para as pessoas elogiarem seus filhos, dizendo como são lindos e educados. Difícil é dizer realmente que ama seu filho quando ele te diz ‘mãe, sou gay’. O mundo gira, você fica fora por uns instantes, mas depois de um tempo você percebe que aquele ser seu, é tudo em sua vida, e que você ama muito mais do que já pensou um dia.

Porque é fácil você amar o óbvio. Você acaba vendo, cedo ou tarde, que ele é a luz da sua vida.

Dinalva – Maceió / AL

Sempre vou protegê-lo. Acredito que por isso Deus tem nos abençoado tanto. Simplesmente o amo!

Acho que a gente por ser evangélica, jamais deve discriminar; a gente tem mais é que orar, pedir para Deus abençoar, dá livramento das coisas que acontecem na rua ligo para ele a cada dez minutos para saber como ele está.

Edith Modesto – São Paulo / SP

É muito difícil ainda para os pais ter filhos diferentes, o preconceito é internalizado desde que nascemos

Minha maior alegria no processo de reconhecer meu filho gay foi que me tornei uma pessoa melhor. Se eu não tivesse um filho gay eu ainda seria preconceituosa como eu era. Quando você trabalha para diminuir um preconceito, automaticamente está diminuindo todos os demais. Eu me tornei uma pessoa melhor, e fico feliz com isso. Temos que respeitar a fé das pessoas que têm religião, e tentar mostrar a elas que, se Deus é amor, a religião deve falar de amor, de aceitação das diferenças, e não sobre discriminação, intolerância e ódio.

Digo sempre ao meu filho que eu o amo muito, e que ele é meu filho querido como os outros.

Eleonora Pereira – Recife / PE

21 de maio de 1986 foi o dia da minha vida. Nesse dia Deus me abençoou para que eu desse à luz um lindo bebê com bochechas rosadas, lábios vermelhos e carnudos, uma pessoa que me fez muito feliz quando deu os primeiros passos, o primeiro sorriso, quando me chamou de mamãe, a ida à escola e a primeira febre, enquanto amamentei até os dois anos, enquanto pude abraçá-lo e  beijá-lo.

O dia 16 de outubro de 2010 foi o mais triste da minha vida. Encontrei o meu filho brutalmente espancado no hospital, em coma induzido e semi-morto. Doeu muito ver meu filho daquele jeito, com olho roxo e afundamento do crânio. No dia seguinte recebi um telefonema dizendo que o meu filho tinha falecido. Foi a queda total. Tive que organizar o velório do meu melhor amigo, companheiro e confidente. Hoje sinto um grande vazio, que procuro preencher com a luta contra a violência, homofobia, preconceito e discriminação.

Georgina Martins – Rio de Janeiro / RJ

Aprendi com meus pais a respeitar os outros. Eles  apesar de não possuírem educação formal, me educaram para respeitar o próximo. Lá em casa havia um princípio ético básico de convivência que norteou toda a minha educação, e que hoje orienta a minha prática como professora, escritora e mãe de três filhos do sexo masculino: não faça com os outros aquilo que você não quer que façam com você.

Quando meu segundo filho Camilo, aos 14 anos, me procurou e muito nervoso disse que era gay, que já havia tentado ficar com meninas, mas não gostava. Gostava mesmo era de meninos. Nos abraçamos e eu contei que sempre soubera disso, e disse que o importante era ele ser feliz.

Hoje, ele está com 17 anos e muito feliz. Tem um namorado que frequenta a nossa casa, e estuda em uma escola muito boa onde, coincidentemente, há vários alunos gays. Os irmãos e os amigos o respeitam e o admiram muito, e eu também. Ele é um menino muito legal: alegre, solidário e honesto. Valores que eu prezo muito.     

Izilda Gennari – Brasília / DF

Nos dias atuais, a vida moderna é muito corrida, a luta pela resolução dos problemas deixa o ser humano cada vez mais cansado, estressado, e às vezes esquecemos de dar o devido valor para quem está pertinho da gente, dentro do nosso coração. 

Graças a Deus, consigo ultrapassar essa pressão toda e enxergo claramente o presente que um filho representa para uma mãe. É como amar alguém além de mim mesma, independente de qualquer coisa. Tenho orgulho, amor, coragem pro que der e vier e considero-me abençoada por ser mãe de uma moça tão iluminada, uma flor por dentro e por fora!

Jacinta Fonte – Brasília / DF

Felizmente, a cultura ocidental aos poucos está mudando. Hoje, filmes comoventes e sensíveis, documentários e programas de televisão estão aparecendo com frequente regularidade, assim como monografias, teses e estudos acadêmicos sobre a transformação social e repercussão das famílias homoafetivas.

Esse é um testemunho adicional de mudanças dos temas sobre o chegar dessa nova família, o respeito a seus direitos e lutas contra a discriminação e exclusão social.

Kelly Bandeira – Rio de Janeiro / RJ

Quem somos nós para olhar o outro e julgar. Tenho um filho gay sim, ele é amado, abençoado, bendito, foi desejado, sou apaixonada por ele.

VIVA A VIDA.

Lilia Arruda – Campinas / SP

Nossa família é pequena, somos só nós três: eu, meu marido e meu filho. Os outros membros da nossa família, tios, primos, etc, aceitaram bem a homossexualidade dele, aparentemente. Entre nós três foi difícil, no começo, não vou falar que foi fácil, pois sabemos que é mais difícil ser homossexual numa sociedade cheia de preconceitos, mas foi bem aceito por mim e pelo meu marido O Bullying, preconceito na escola, palavra que agora está tão na moda, ele já vinha sofrendo há muito tempo. Atualmente ele lida muito bem com isso, minha maior preocupação está nos outros e no preconceito que existe.

O fato de ter um homossexual na família obriga as pessoas desta família a ter um contato maior com outra realidade e aceitar mais as pessoas, esta foi a maior lição do meu filho para nós. Não tem nem cabimento este pensamento, de que a homossexualidade representa o fim da família. É uma família diferente, mas é uma família! No fim tudo é igual.

Eu me orgulho bastante da trajetória do meu filho, de onde ele chegou, de tudo que ele fez pela causa da diversidade sexual, eu o admiro bastante.

Luiza Habibe – Brasília / DF

Ao perceber que meu filho é homossexual, inúmeras indagações surgiram. Algumas sem respostas. O pouco que sabia da homossexualidade era de natureza destrutiva e fruto de pensamentos e conclusões alheias. Aqueles “conceitos” destoavam do menino amigo, prestativo e que trazia nos olhos a exuberância da vida. O mundo insistia em me apresentar um ser humano e eu enxergava outro. Era urgente estar ao seu lado sempre  e sem máscara. Despi-me de velhos e arraigados preconceitos e também da presunção de onisciência.

O que me leva a falar de algo tão pessoal é que aos homossexuais são negados direitos fundamentais inerentes à condição humana. Como cidadã brasileira e, especialmente, como Mãe, vou exigir o cumprimento do princípio Constitucional da Igualdade  limite essencial à discricionariedade legislativa e base do Estado Democrático de Direito.    
       
Maria do Amaral – Curitiba / PR

Ao longo da fase de crescimento do meu segundo filho, fui percebendo que ele não agia, nem tinha comportamento “normal” de menino e insistia em hábitos, brincadeiras e atitudes que eram ditas como de meninas. Na adolescência, o conflito se estabeleceu.

Minha filha só pedia respeito, entendimento, compreensão e o principal: acolhimento da mãe. Independente de todas as nossas discussões, jamais deixei de acolher, de dar afeto e carinho de mãe, pois se tratava de uma pessoa que eu mesma gerei e que muito desejei.

Lembro bem do meu desejo da segunda gestação, que era de ter uma filha, e posso afirmar que tenho como realizado, pois nesta gravidez gerei uma filha transexual. Ao longo de nossas vidas tivemos muitos conflitos, mas hoje posso afirmar o meu entendimento do verdadeiro EU da minha filha. Hoje nós nos respeitamos e eu a reconheço como minha filha, a Carla.   

Marlene Xavier – Montes Claros / MG

Quando perdemos um filho, nos tornamos eternamente mutiladas; e a nossa imagem é o reflexo da dor e da saudade, que serão nossas eternas companheiras.

Meu filho foi assassinado porque era gay  sei disso porque os assassinos disseram a polícia: não suporto homossexuais.

Venho lutando por justiça há uma década e os assassinos continuam andando livremente pelas ruas. No Brasil, a minha história é triste, mas é comum.

Marly Vilela de Mello – Rio de Janeiro / RJ

Minha neta descobriu-se homossexual com 15 anos. Inicialmente, eu não a apoiava, mas com o tempo, fui mudando meu olhar, fui reaprendendo valores. Se era essa sua orientação sexual, tive que entender que é a vida dela e agora estou aqui para apoiá-la. Se eu não a respeitasse, como poderia cobrar o mesmo do mundo aí fora?

Se as pessoas respeitassem o sentimento das outras, não haveria tanto preconceito e discriminação e, consequentemente, não haveria tanta revolta. Minha neta é uma pessoa como todas as outras, tem seus desejos, seus objetivos e potencialidades, como todas as pessoas. Eu estou aqui pronta para apoiá-la e ajudá-la a vencer na vida. Aprendi e aprendo muito com ela. Hoje consigo ver e compreender melhor a diversidade que existe no mundo, e vejo como é necessário lutar pela igualdade.          

Mirna Gonçalves – Rio de Janeiro / RJ

Quando meu filho me contou que era gay eu já estava mais que preparada para esse momento.

Disse a ele que o amava e que nada tinha mudado, só achava que tinha que aprender a lutar Judô, Jiu-jitsu, Karatê, qualquer coisa para não apanhar.
  
Mônica Moteiro – Brasília / DF

Não me importa se os lábios beijados são femininos ou masculinos, meu desejo é que minhas filhas tenham relações com pessoas afetuosas, amigas e sinceras.

Acima de tudo, que sejam felizes. 

Raquel Gomes – Curitiba / PR

Me sinto feliz e lisonjeada em poder falar de meus filhos, que amo muito. O mais novo é gay. Sinto orgulho dele, de sua guerra, de sua força, e sua responsabilidade.

Ser homossexual e ser mãe de homossexual não é fácil. Mas é uma questão de bom senso, de inteligência, de boa educação, de amor ao próximo e de não julgarmos as pessoas, de nos colocarmos no lugar do outro.

Sou muito amiga do meu filho gay, de seus amigos e namorados. Formamos uma família alegre e feliz, e sou privilegiada por ser aceita e amada por eles. Não permitirei preconceito, sempre que posso, faço a minha parte.

Mães, façam a sua parte dando a liberdade a seus filhos e filhas, e exigindo que ela seja cumprida.   


Suzana Sampaio – Brasília / DF


Meu filho mais velho tem 23 anos, e é heterossexual, meu filho do meio tem 21 anos, é homossexual, e minha filha mais nova, por enquanto, não sei se é bissexual ou se é lésbica, ela mesma está em dúvida. Minha única preocupação em relação a homossexualidade dos meus filhos são estes ataques homofóbicos. Apenas isso, porque, do contrário, meu filho estuda, trabalha, é uma pessoa agradável, se dá bem com todo mundo, não faz mal a ninguém. Um dia ele falou: “mãe, eu tenho medo que as pessoas não me aceitem porque eu sou assim”. Respondi: “assim, como? Um menino tão bom?”.


Eu me orgulho muito dos meus três filhos, não os queria diferentes do que são. Somos uma família feliz, e quero que continuemos assim. Se eu tivesse que gerá-los novamente, queria que eles fossem tal como são, sem mudar nada, porque assim eles cresceram do meu lado!     


***

Depois destes depoimentos tão profundos, só me resta dizer que Deus é o amor elevado à máxima potência.


Deus nos abençoe a todos.


God bless us all. 

Official All Out site:
CONTACT CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS:
            curtacontos@hotmail.com


VAMOS FUGIR™ © copyright by Carlos Alberto Pereira dos Santos 2012
TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

GAROTO DE PROGRAMA

ETERNAMENTE ANILZA!

COLOQUE O AMENDOIM NO BURACO DO AMENDOIM