DESPEDIDA






Durma com um barulho desses...

Ele vivia em um país imundo: aonde as pessoas jogavam lixo na rua sem a menor cerimônia. Era absorvente íntimo misturado à lata de refrigerante, casca de banana misturada à garrafa Pet, resto de comida misturado com lâmpada fluorescente. Tudo junto e misturado. Nojento. Nojento também era imaginar que tipo de pessoa faz isso. Porque se o ser humano é o que come, também é o que joga fora. E pela qualidade do lixo daquela gente, já dava para imaginar quanta sujeira havia na alma de cada um. Eram uns porcos vestidos com roupa de grife. Um bando de mal educados, que só porque tiveram acesso à riqueza, achavam-se melhores que os outros. E como macaco não costuma olhar para o próprio rabo, seguiam as suas vidas patéticas, abanando a cauda. 


Um dia o lixo tomou conta daquele país. Aquele que já era moralmente doente, tornou-se inabitável. Os ratos tomaram conta das ruas. As baratas ocuparam o sofá. Era gente misturando-se com inseto, inseto misturando-se com gente: um nojo! Por isso ele, que todos os dias separava o lixo (orgânico para um lado e inorgânico para o outro), que entendia a Terra; não como a fossa do mundo, mas como um lugar de respeito: reciclava tudo. Sabia que a coleta seletiva de lixo tem uma função cidadã. E que um povo educado é uma questão social. Compreendia que aquele que apreende coisas boas, aprende a ser gente. Sabia muitas coisas, mas ninguém o ouvia. Por isso acabaram morrendo e sendo jogados na lata de lixo. Só que aquela espécie de gente não dava para reciclar.     

Quando aquele país acabou, ele foi o único que se salvou.


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