LET DOWN
Como se planta uma árvore de dinheiro se dinheiro não dá em árvore? Como se vive uma vida auto-sustentável se a água de pepino está pela hora da morte? Como levar uma existência sofisticada se não entregam Tartelete de beterraba em casa? Alguém alimenta esta fera! A pergunta me come no momento que me consome.
Acabo de escrever a minha biografia do futuro. Minha história foi parar na Biblioteca de Babel. Jorge Luis Borges leu e não gostou. Acho que faltou amor. Acho que sobrou bom-senso. Ficou tudo certinho. Ninguém se machucou. Coloquei espaçonaves no meu futuro. Lá as pessoas mudam de cor. Há pessoas que são feitas no computador. Surgem e depois desaparecem. No futuro tenho um chip implantado no braço. É de lá que rastreiam as minhas emoções. O cérebro do futuro é só uma caixa de cilicone. O cérebro eletrônico não tem nome nem sobrenome.
O futuro para mim é como um farol dizendo que estou no caminho certo. Sou um homem inter-dimensional. Tem um ginoide no meu futuro. Ele diz o meu nome e me chama de marido. É dele agora o que outrora fora o meu Farol de Alexandria. Ele deu-me três filhos lindos. Um se parece comigo e os outros dois são como androides: particulados. Eu sou feliz com minha família do futuro. Aqui em casa todos gostam de Giulietta Masiva, todos amam Frederico Fellini, todos querem “Noites de Cabíria”. Aqui em casa dizemos que o amor também respeita. O amor não vai além do necessário. Gostamos dos Irmãos Grimm. Meu filho mais velho acabou de ler “O Flautista de Hamelin”. Ele chegou à conclusão que uma cidade infestada de ratos é bem melhor que não termos comida em nossos pratos. Por isso come a vagem e o quiabo. Por isso dá o que sobra aos porcos. Por isso estes abanam os rabos. Mas no futuro somos ricos: nós, os porcos e os ratos. A nossa fortuna é do tamanho do mundo.
O infinito habita acima de mim. A eternidade paira sobre a minha cabeça. Por isso quero o instante de uma gota de azeite quente mergulhado em água fervente. Por isso minha árvore de dinheiro não vingou.
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