O GOSTO AMARGO DO PERFUME

- março 04, 2012

Não me peça para rimar amor com dor, que não existe coisa mais ‘out of fashion’ que isso. E para de dizer que sou louca, que vou acabar me irritando! Traz logo esse cobertor, que estou com frio. Acordei sentindo um vazio. Só de pensar em você dentro de mim: chega a me dar calafrio. Acho que estou ficando gripada. Ando sentindo uns arrepios esquisitos... me traga logo uma aspirina. Aliás, duas. Esquece o cobertor e me traz um ventilador. Estou morrendo de calor. Acho que estou na menopausa. Agora somos dois: chupando gelo e reclamando que o verão não termina. Falando nisso, a sua andropausa passou? Era só o que me faltava... um namorado fazendo reposição hormonal! Onde fui amarrar minha égua?! Eu devia ter terminado contigo no dia que começamos a namorar. Mas, não. Quis fazer uma boa ação, e quem acabou se estrepando fui eu. Dá um grito na janela e faz esse cachorro parar de latir. Aqui em casa ainda tem veneno de rato? Acho que estou grávida. Estou com desejo de me matar. Você sabe quem ganhou na loteria? Fico tão curiosa com essas coisas... Sempre quis conhecer alguém que tivesse ganhado. É ganho ou ganhado que se fala? Ah, as duas formas estão certas? Então cala a boca! Não lhe perguntei nada! Em falar em ganho ou ganhado, abre essa janela que está um calor danado. E não fica aí todo arreganhado, porque alguém vê e pega mal para mim. Daqui a pouco vão dizer: “Olha lá a mulher casado com o homem que não sabe se é macho ou se é fêmea!”. Vê se me alivia... Onde está o cobertor?! Desliga esse computador e vem dormir. Mas antes me traz umas meias... Estou com os pés gelados. Obrigado. Aproveita e me faz uma massagem no cóxis. Aquela posição do Kama Sutra, que você me obrigou a fazer, acabou com as minhas costas. Isso! Passa a mão aí que a mamãe gosta... Muito bom! Eu te amo, sabia? Agora fica quieto que eu quero dormir.