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Não é nada cristalina a vida da bailarina. Os dias passam em preto e branco. As noites são cinza. Nem feminina é a vida da bailarina. Há homens demais em cima da caixinha de música. Ela vive num bunker.  

Ela que havia sentido o horror da guerra, agora não tem braço nem perna. Está ali deitada como uma Barbie quebrada. Acho que ela quer água. Não, ela quer pão. Acho que sabe meu nome. Não, ela não sabe o nome de ninguém. Acho que está com frio. Não, a minha presença é que lhe dá arrepio.

Quanto a mim, continuo a acreditar no que diz Jorge Luiz Borges: “Parece-me fácil viver sem ódio, coisa que nunca senti, mas viver sem amor acho impossível”. Embora ele me faça cair em contradição ao me fazer repetir: “A esperança é o mais sórdido dos sentimentos”. O contra-senso nos aproxima e nos separa. Como a bailarina de outrora, levamos um tombo e caímos de cara. Mas ninguém repara.

Não é nada cristalina a vida da bailarina.   







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