DOMINIQUE
Ela dizia que em alguns casos, ganhar era o mesmo que perder. Porque se a pessoa se prende à matéria do prêmio, acaba desespiritualizando-se. Assim era Dominique: uma mulher tocada pelo sentimento da palavra. “E quem perde”, – dizia, – “não fica atrás”. “Deixa-se influenciar pela derrota: desbota. Perder a cor, esvanescer, é um perigo. Promove a desordem. Atrai o escândalo. O ser humano fica triste. E uma pessoa triste vira persona non grata. Passa a escrever a próprio biografia de costas para a vida, deixando de lado sentimentos tão profundos, que poderiam salvá-la do mal de si mesma. Começa a viver a esmo. Por isso quando se vence na vida, deve-se ter o comprometimento com a dignidade: a nossa e a do outro. Um prêmio é só um prêmio. Contudo, a vida vai além daquilo que se vê. O verdadeiro tesouro está na alma: porque é a própria alma. E se pararmos para pensar, se o assunto é perder, ninguém perde nada. Perda de tempo é ficar triste. Perda de energia é se aborrecer. Para algumas pessoas o nada tem uma importância enorme. No afã de tudo querer, tudo ver, tudo ter, acabam mais pobres que o mais pobre dos homens. Em nome do bom-senso que falo essas coisas. E mais do que isso: é pela soberania da vida que imploro que respeitem a si mesmos, ao invés de entregarem as armas (a força e a coragem) por cinco minutos de nada. Chorar sobre o leite derramada nunca levou ninguém a coisa alguma. O que eu gostaria de dizer, já disse. Portanto, neste exato momento, passo a palavra. Vivam com sabedoria e o melhor lhes acontecerá.
Assim era Dominique: Um bálsamo espargido num copo d’água.
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