O X DO PROBLEMA





Aracy de Almeida é o tipo de voz que quem ouve não esquece. Elegante que só, caminhava soberana na cadência do samba. Aquela que era conhecida como “A Dama do Encantado”, chamada carinhosamente pelos amigos de “Araca”, Aracy Teles de Almeida também era a “Dama da Central”. Mas o apelido que mais simbolizava esta deusa vestida de poesia era “O Samba em Pessoa”. Noel Rosa, genial em verso e prosa, viu neste tesouro em forma de mulher, sua musa inspiradora. Principal intérprete feminino do Mestre de Vila Isabel, Aracy de Almeida gravou inúmeros sucessos do compositor de “O X do Problema”.

Nascida em 19 de agosto de 1914, criada no bairro de Encantado, no subúrbio do Rio de Janeiro, filha de pais protestantes, Aracy estudou no Engenho de Dentro e no Méier. Embalada por hinos religiosos da Igreja Batista, ela também gostava de música clássica, cantigas de candomblé e músicas de carnaval. Ao conhecer o pianista, compositor e regente Custódio Mesquita, Aracy entrou para a Rádio Educadora (Rádio Tamoio) e conheceu Noel Rosa. Gravou o seu primeiro disco em 1934. No ano seguinte entrou para a Rádio Cruzeiro do Sul, lançando-se em 1935 como solista. Passou por diversas emissoras de rádio e fez turnê com Carmen Miranda. Na Rádio Tupi gravou “Palpite Infeliz” e “O X do Problema”. Na Rádio Nacional fez uma carreira de grande sucesso. Continuou cantando o repertório de Noel Rosa, trabalhou na boate Vogue em Copacabana, lançou dois álbuns pela gravadora Continental, dividindo com Carmen Miranda o título de “A maior cantora de sambas dos anos 30”.  Culta, Aracy de Almeida que era uma  leitora voraz, também era admiradora das Artes Plásticas, e tinha em casa telas de Di Cavalcanti, Cândido Portinari e Aldemir Martins. Em 1950 mudou-se para São Paulo. Em 1955 atuou em cinema e gravou outro LP com sucessos de Noel Rosa. Em 1958 gravou o LP “Samba em Pessoa”. Em 1962 lançou pela RCA o disco “Chave de Ouro”. Em 1964 gravou com a dupla sertaneja “Tonico e Tinoco” e fez shows com Billy Blanco e Sérgio Porto na boate carioca Zum-Zum. Continuou a sua carreira de sucesso em 1965 fazendo inúmeros shows. Em 1969 apresentou-se com Paulinho da Viola, Jorge Ben Jor e Toquinho no Teatro Cacilda Becker, estrelando o show “Que Maravilha!”. Aracy de Almeida trabalhou em inúmeros programas de televisão, entre eles “A Buzina do Chacrinha” e o “Programa Silvio Santos”, até sofrer um edema pulmonar em 1988. Após passar por um coma que durou dois meses, e ter uma súbita melhora, faleceu de embolia pulmonar no dia 20 de junho do mesmo ano, dois meses antes de completar setenta e quatro anos de vida.  

Lá se foi Aracy de Almeida rumo ao céu de todas as bossas. Certamente encontrou um lugar nas nuvens para encostar a cabeça no ombro de Noel Rosa. Estão lá cantando até hoje, e entre uma música e outra, devem ter muito o que conversar.



















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