PERDOANDO DEUS
Hoje amanheci com Clarice Lispector ao meu lado. Passamos a noite em claro, falando de coisas tão profundas, que nossas almas fundiram-se em si mesmas. Isso! Amanhecemos ensimesmados. Clarice falou-me de seus medos. Eu contei-lhe sobre a minha infância. Falamos tanto, que ficamos com a boca seca. Tagarelamos tanto, que ficamos com fome. Clarice propôs-me que fizéssemos uma omelete. Descemos até a cozinha e preparamos um ponche. Tínhamos uma biblioteca em casa. Ali havia de tudo: de Rousseau à Proust, passando por Kardec. Enquanto eu tentava ler poesia, Clarice me dava aulas de alemão. Lá pelas tantas falamos sobre o perdão. Como foi importante aprendermos a perdoar! Livramo-nos de um peso danado, quando descobrimos que só se leva da vida, aquilo que habita o coração. Passamos a levar nossa alma na mão. Sempre por perto, para não perdê-la de vista. Fizemos uma lista, que chamamos de “Lista do Perdão”. Ali colocamos o nome de todos que nos fizeram mal. À medida que íamos perdoando, um a um, riscávamos com caneta preta. Àqueles que teríamos que fazer um esforço sobre-humano para esquecer as ofensas, sublinhávamos com tinta vermelha. Assim, de cor em cor, fomos amando e perdoando. Quando acabamos o nosso exercício de auto-conhecimento, abrimos uma garrafa de vinho e fizemos um brinde. Aquele foi o primeiro dia feliz, do resto de nossas vidas.
– Amanheceu, Clarice. Bom dia!
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Difícil falar da emoção que sinto toda vez que leio um texto seu. Tudo aqui é tão bom, que me perco nas palavras. Tenho uma admiração enorme pelo seu trabalho e pelo ser humano ímpar que você é. A sua genialidade ultrapassa fronteiras e isso é visto a olho nu, quando lemos Betto Barquinn. Você oferece de graça a sua literatura. E isso é maravilhoso. Peço a Deus que todos tenham a possibilidade de vir até aqui e conhecer o seu trabalho. Você é 10, Betto. Nota 10!
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