EROTICA






Ela procurava alguma coisa em mim. Tinha os dedos sujos de confete. Às vezes passava purpurina na boca, depois cuspia. Eu era uma espécie de brinquedo. Ela chamava-me de ‘boy toy’. Fazia de mim o que queria. Sempre vinha com água na boca. Às vezes vestia-se de coelhinha. Em outras, chamava-me de Marlon Brando. Eu nunca soube o seu nome. Mas era alguma coisa parecida com Angelina Jolie. Talvez pelos lábios grossas. Talvez pelas pernas finas. Dizia que queria mostrar-me ‘as partes’. Nunca soube quais eram. Mas sabia que eram cheias de carne. Erotica visita-me todas as tardes. Tinha um quê de “La Belle de Jour”. Um quê de Alceu Valença. Embora estivesse mais para Catherine Deneuve. Entretanto a minha “Belle De Jour” era mais bonita. Parecia-se com Silvia Pinal em “Viridiana”. Parecia-se mais com Luis Buñuel em “Os Esquecidos”. Minha Erotica às vezes aparecia vestida de freira. Dizia que queria me catequisar. Mas não fazia nada, além de passar melado no meu corpo. Dizia que eu era seu favo de mel. Dizia que era minha abelha rainha. Erotica era assim: um amor de pessoa. Hoje a esperei por quase um segundo, mas ela não veio. Deve ter se perdido no tempo. Deve ter sido pega pela tempestade. Fazia quase um ano que não chovia. Foi chover logo hoje que Erotica não veio.    



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