O MÁGICO




Ele gostava da Obra de Beatriz Milhazes, e ficava olhando para ela, como quem vê no fundo da tela o outro lado da vida. Era um homem cheio de poesia. Dizia que preferia ir ao museu à comprar um quilo de carne. “Carne em excesso faz mal à saúde do corpo. Arte, não. Arte faz bem ao corpo e à alma”  concluía. Para ele a vida era, entre outras coisas, a exposição de cores e formas geométricas. Dizia que Beatriz com suas pinturas, gravuras e ilustrações, era capaz de tocar-lhe a alma com a ponta dos dedos.

O maior sonho dele era ter uma peça dela em casa. Mas a grana era curta. Para ele, Beatriz Milhazes, só em sonho. Como não era homem de entregar os pontos sem ao menos tentar, recortou do jornal a foto de uma gravura da artista, intitulada “O Mágico”.  Mandou ampliar a imagem para as medidas de um outdoor, e feliz da vida, chamou os parentes, amigos e vizinhos; fez um churrasco, e entre picanha, asa de frango e linguiça toscana, fez ali na laje o seu vernissage. Ninguém entendeu nada, mas a cerveja estava gelada, a tarde era de sol, a ampliação fora feita com esmero… Enfim… era a justa homenagem à Arte e à comunidade em que vivia. Ninguém ali havia ouvido falar na artista plástica. “No morro não sobe esse tipo de coisa” lamentava. “Mas gora todo mundo sabe quem é Beatriz Milhazes”.

Um dia desses ele foi ao MoMa, ao Guggenheim, e ao Metropolitan em Nova Yorque. Visitou também o Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (MALBA). Tudo isso sem sair de casa. Tudo isso na tela do computador. Através da internet ele era cidadão do mundo. Não havia a necessidade de passaporte ou visto de entrada aqui ou ali. A internet era o mundo à sua porta em apenas um click. Foi pela internet que ele descobriu que “Beatriz Ferreira Milhazes nasceu no Rio de Janeiro em 1960. A artista é pintora, gravadora, ilustradora e professora. Formada em comunicação social pela Faculdade Hélio Alonso, no Rio de Janeiro em 1981, inicia-se em artes plásticas ao ingressar na Escola de Artes Visuais do Parque Lage — EAV/Parque Lage em 1980, onde mais tarde leciona e coordena atividades culturais. Além da pintura dedica-se também a gravura, e a ilustração. De 1995 à 1996 cursa gravura em metal e linóleo no Atelier 78, com Solange Oliveira e Valério Rodrigues e em 1997 ilustra o livro As Mil e Uma Noites à Luz do Dia: Sherazade Conta Histórias Árabes, de Katia Canton. Beatriz Milhazes faz parte das exposições que caracterizam a Geração 80, grupo de artistas que buscam retomar a pintura em contraposição à vertente conceitual dos anos 1970, e tem por característica a pesquisa de novas técnicas e materiais. Sua obra faz referências ao barroco, à obra de Tarsila do Amaral (1886-1973) e Burle Marx (1909-1994), à padrões ornamentais e à art deco, entre outras. Entre 1997 e 1998, é artista visitante em várias universidades dos Estados Unidos. A partir dos anos 1990, destaca-se em mostras internacionais nos Estados Unidos e Europa e integra acervos de museus como o MoMa, Guggenheim e Metropolitan em Nova York”.

Posto isto, depois deste show de cores, ele se deu por satisfeito e foi dormir. Levaria Beatriz em seu coração pelo resto da vida. E isso para ele, que tinha tanto amor para dar, era o maior tesouro que o ser humano pode ter.

Para ser feliz, pouco importa se o indivíduo é rico ou podre, desde que tenha o bom-senso de lembrar-se, que o ser  humano é muito mais do que aquilo que um dia a terra há de comer.



MoMa:

Guggenheim / New York:

The Metropolitan Museum of Art:

Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires:


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