A MALANDRAGEM ENTROU EM GREVE




Sobre a greve dos bancários e outras idiossincrasias:

Todo mundo tem o dever de reivindicar seus direitos. Agora, uma greve como a dos bancários, que impede que os idosos retirem o pagamento de suas aposentadorias, é imoral. Os idosos têm seu cartão do seguro social, que possibilita-lhes retirar no caixa eletrônico os seus benefícios. Mas nem todos sabem usar os terminais de auto-atendimento. Por isso precisam da ajuda dos funcionários do banco, principalmente dos caixas, que propiciam a quem não entende minimamente de informática, ou não enxerga direito, ou possui alguma disfunção da estrutura psíquica, fisiológica ou anatômica;  ou não sabe ler, ou foi assaltado, ou perdeu o cartão, ou este sofreu alguma avaria, ou simplesmente não quer usá-lo; a sacar seu dinheiro sem maiores aborrecimentos. Sem contar o impacto econômico que uma greve que dura cerca de duas semanas causa ao país: contas que não são pagas, transações comerciais que são prejudicadas, salários que os trabalhadores não conseguem receber, etc. O mesmo se dá com a greve dos médicos. Como alguém que diz: “manterei o mais alto respeito pela vida humana, desde sua concepção”, pode negar a quem quer que seja, o atendimento básico, em troca de alguns trocados a mais no contra-cheque. Mesmo que esses “trocados” sejam um rio de dinheiro, ainda assim não vale uma vida. Nenhum dinheiro vale. À lista, somam-se greves de serviços essenciais; como bombeiros, policiais, garis, metroviários, ferroviários, rodoviários, aeroviários, aeroportuários, profissionais de transporte marítimos e fluviais, enfermeiros, professores, e por aí vai. Como alguém pode reivindicar qualquer coisa, desrespeitando aquele que por conta dos impostos que paga, contribui para o seu salário? Por que o povo tem que arcar com o prejuízo? Por que o grevista, quando não lhe é conveniente, esquece que é povo também? Por que ninguém pensa no outro quando é o seu que está na reta? Assim mesmo: na gíria. Porque gíria é algo que todo mundo entende. Quanto mais quando é o próprio calo que aperta. Portanto, fazer greve, e parar o país para beneficiar meia dúzia, porque meu sindicato diz que ganho mal, é absurdo. E aquele que mora lá em caixa prego, que recebe um salário de fome, que acorda de madrugada para trabalhar, que atravessa a cidade sacolejando em um trem lotado; com mais de trinta anos de uso, ou em um ônibus caindo aos pedaços; que nem para carregar gado serve, e esse? Ou aquele que trabalhou a vida toda, e na hora de sacar a miséria que recebe da Previdência Social, dá com a cara na porta? Não é ético se dar bem à custa dos outros. Não se faz democracia assim. Aliás, democracia não é isso. Como alguém que prestou um concurso público, pode se levantar e dizer que não vai trabalhar? É só cruzar os braços e ponto final? O indivíduo está com a faca e o queijo na mão, mas não está satisfeito: quer mamar na vaca até ela ficar pele e osso. Engana-se quem acha que viver é isso. Pois viver não é tão simples assim.

Para terminar, vamos refletir sobre o  Juramento de Hipócrates, que embora seja para os médicos, pode servir para todo aquele que vive em sociedade, e sabe, que a união faz a força. Não a união da maioria contra a minoria. Ou das milícias contra o estado de direito. Porque isso seria no mínimo um motim, ou na pior das hipóteses, uma guerra civil. Aqui falamos da união pura e simples. A união de todos. Coisa que, no nosso país, é uma piada. Contudo, finja-mo-nos de sérios por algum segundo, nem que seja para sairmos bem na foto, e apareçamos lá na frente; na posteridade, como indivíduos um pouco menos patéticos; do que realmente somos. Depois é só distribuir pão e circo para o povo, que tudo volta a ser como dantes no quartel d’Abrantes. Vamos ao texto do juramento:

“Eu juro, por Apolo, médico, por Esculápio, Higeia e Panaceia, e tomo por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue: estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes.
Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva.
Conservarei imaculada minha vida e minha arte.
Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam.
Em toda a casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de toda a sedução sobretudo longe dos prazeres do amor, com as mulheres ou com os homens livres ou escravizados.
Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto.
Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça”.

Entendeu ou quer que eu desenhe?


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