SEM VOCÊ

- novembro 10, 2012

Juste une lettre d'amour:

Hoje não quero Paris. Embora de Paris eu goste. Não quero Édith Piaf, nem Théo Sarapo, nem Virginia Woolf, muito menos Jean-Paul Sartre. Não quero Champs-Élysées. Tour Eiffel nem pensar! O Louvre só se for no fim da tarde. Nem o Sena eu quero… O Sena, não. Quebrei todos os discos do Charles Aznavour… Prefiro “Mourir d’aimer”. Não me venha com “A quoi ça sert l’amour”. S'il vous plaît, mon amour… Piaf, não. Hoje não quero nem “Ce jour viendra”. Tire Theophanis Lamboukas da vitrola. Não me traga café com conhaque… nem chá. Chá é coisa dos ingleses… detesto! Nem La Marseillaisequero cantar. Esqueça. Você pode… Eu, não. Não me peça para esquecer… Hoje quero lembrar que faz dois dias que você partiu para não mais voltar. Não, não quero chá. O café com conhaque, eu aceito. Deixe aí sobre a mesa. Tem uns livros de Gustave Flaubert no criado-mudo. “Madame Bovary” é ótimo. Se quiser, é seu. Pode levar. Feche a porta ao sair. Se perguntarem por mim, diga que não me encontrou. Au revoir, mon amour. Au revoir.

“Pour toi, Édith, mon amour”.