JUDIARIA
Meurtrissures de l'âme humaine:
Ela dizia que “mais vale um pássaro na mão do que dois voando”. Por isso não se separava do marido: que batia, humilhava, tratava-a como um sapato surrado. Às vezes apanhava tanto que fazia a feira de óculos escuros. Em outra, arrastava-se como quem tem bolhas nos pés. A desculpa era sempre a mesma: havia caído, escorregado, tropeçado no cabo da vassoura. Todo mundo sabia que era mentira. Porque surdos os vizinhos não eram. Ouviam o barulho do peso da mão dele socando os ossos dela. A impressão que dava era que ela era a cama elástica dele: de tanto que ele pulava. Não parecia uma mulher. Era mais um saco de pancada… Até um dente ela perdeu depois de uma discussão. Na casa não tinha um objeto que ela não conhecesse pelo toque. Era tamancada, cajadada, cadeirada, chinelada, facada, panelada… um suplício. Muitos diziam que ela apanhava porque gostava. Maldade. Não era isso. Pessoa alguma gosta de apanhar. Ela apanhava porque era uma mulher fragilizada. É fácil julgar… Mas julgamento não salva a vida de ninguém. E ela precisava de ajuda. Um dia tomou coragem, juntou os cacos (literalmente) e deu queixa na polícia. No ano seguinte o marido foi preso. Dali a uma década foi condenado a pagar 25 cestas básicas a uma instituição de caridade. Cumprida a pena, voltou para casa e deu três tiros na esposa, que morreu na hora.
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