SHOW DE ESTRELAS

Era uma estrelinha tão pequenininha, que o brilhinho dela mal dava a luz d’uma vela. Tinha o corpinho franzino: franzininho. Tudo nela era assim mesmo: bem pequenininho. Era ela, e seu diminutivozinho, perdidos no mundo. Quem olhava para o céu não os via. Ela e seu diminutivozinho eram sós sem ser sós. Ela parecia um Solzinho. Um Solzinho daqueles que a gente desenha na infância. Desenhinho de criança, isso mesmo! Ela era um desenhinho de criança. Era um borrãozinho no céu. Um borrãozinho na imensidão do universo. Um borrãnzinho de Deus. Mas acontece que este borrãozinho era feliz. Um rascunhinho com jeitinho de desenhinho de criança feliz. Isso mesmo. Ela era feliz. Feliz porque estava viva. Feliz porque era fruto da bondade de Deus. Feliz até por não ter pé nem cabeça. Feliz por ser estrela. Feliz por ser feliz. Acho que nenhuma estrelona, tipo Antares, que fica a seiscentos anos luz da Terra, na constelação de Escorpião, e tem a luminosidade quatorze mil vezes maior que a do Sol, ou Betelgeuse, que é sessenta mil vezes mais brilhante que o Astro Rei, ou a VV Cephei A (gigante vermelha), da constelação de Cepheus, que é mil e duzentas vezes mais luminosa que a nossa esfera de plasma, ou ainda a Al Anz, da constelação do Cocheiro, que é duas mil e setecentas vezes maior que a estrela central do Sistema Solar. Nada disso importava para ela. Se o Sol, que é uma estrela de magnitude 4.83, não se importava com isso, ela também não ligava. Ela não se incomodava em saber que Antares tem o diâmetro da órbita de Marte. Quando inquerida sobre isso, respondia decidida: “Se há vida em toda parte, e se em toda parte há vida, não há porque me sentir diminuida”.       

Era uma estrelinha só no mundo. Ela e seu diminotivozinho. O brilhinho dela não dava a luz d'uma lâmpada. Mas era feliz a pampa.

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