BALADA DE GISBERTA




Depois dos 30, percebo que a velhice tem me visitado regularmente. São dores na coluna que eu não sentia, calores e calafrios que eu não tinha, esquecimentos momentâneos, aumento de peso e queda de cabelo. Nada disso acontecia até os 29. E para piorar, a velhice descaradamente tem tentado se instalar no meu corpo. Rebato tamanha insolência correndo contra o tempo. É musculação, é natação, é dança de salão, é Pilates. Faço de tudo para me manter em forma, mesmo vendo que estou cada dia mais quadrado. Isso mesmo. Quadrado. Tenho uma teoria que diz que aquele que não engorda com a idade, acaba ficando quadrado. O corpo vai ficando cada dia mais parecido com uma embalagem Tetra Pak. Cada vez mais me sinto com o corpo de uma caixa de leite. Mas fazer o quê?! Plástica? Morro de medo. Dieta? morro de fome. O que me resta é correr, correr, correr. Malho tanto que as dores que sinto não sei é da idade ou da vaidade. Quem dera alguém inventasse malhação à base de poesia. Aí eu pegaria um livro, coisa que faço todo dia, e leria até esvair-me de alegria. Mandava embora a gordura localizada lendo “Ulisses”, de James Joyce. Ou rejuvenesceria dez anos declamando os poemas de Augusto dos Anjos. Se ler emagrecesse, mereceria um brinde com um calórico milk shake com bastante calda de chocolate. Mas pelo sim, pelo não, continuo lendo. E muito! Se não emagrecer, pelo menos manterei a mente saudável. E essa sim é o que mais me interessa. O corpo, se tiver saúde, para mim já está bom. Mas a mente... Ah, a mente tem que ser ágil como um raio! Pois a mente é a mente.

Os 30 anos chegaram. E a juventude desceu pelo ralo.



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