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Mostrando postagens de março, 2012

LA VITA È ADESSO

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Eu tentei me passar por sósia de mim mesmo, mas ninguém me achou parecido comigo. Passei de sou para fui e nem me dei conta disso. De uma hora para outra, passei a comprar sentimentos, como quem compra rosquinhas. Hoje acordei trinta anos mais velho, sentindo-me trinta anos mais novo. Foram trinta anos perdido dentro de mim mesmo. Trinta anos parado à frente do espelho. Agora, quando olho para mim, não me reconheço mais. Agora, quando olho para mim, não me respeito nem um pouco. Agora, quando olho para mim, chega a me dar náusea. Eu acho que me enganei com o meu próprio discurso. Mas a retórica foi boa.     Você pode não me entender, mas acabo de fazer amor com você. O seu reflexo é o meu. A sua imagem sou eu. E por incrível que pareça: não somos nada.   CONTACT BETTO BARQUINN: curtacontos@hotmail.com LA VITA È ADESSO™ © copyright by betto barquinn 2012 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY BETTO BARQUINN

CON TE PARTIRO

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Eu gosto daquele sentimento chamado amor. O amor salva vidas. O amor ultrapassa fronteiras. O amor é aquele urdimento que aquece por dentro. O amor é aquela coisa que não tem nome nem sobrenome. CONTACT BETTO BARQUINN: curtacontos@hotmail.com CON TE PARTIRO™ © copyright by betto barquinn 2012 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY BETTO BARQUINN

O X DO PROBLEMA

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Aracy de Almeida é o tipo de voz que quem ouve não esquece. Elegante que só, caminhava soberana na cadência do samba. Aquela que era conhecida como “A Dama do Encantado”, chamada carinhosamente pelos amigos de “Araca”, Aracy Teles de Almeida também era a “Dama da Central”. Mas o apelido que mais simbolizava esta deusa vestida de poesia era “O Samba em Pessoa”. Noel Rosa, genial em verso e prosa, viu neste tesouro em forma de mulher, sua musa inspiradora. Principal intérprete feminino do Mestre de Vila Isabel, Aracy de Almeida gravou inúmeros sucessos do compositor de “O X do Problema”. Nascida em 19 de agosto de 1914, criada no bairro de Encantado, no subúrbio do Rio de Janeiro, filha de pais protestantes, Aracy estudou no Engenho de Dentro e no Méier. Embalada por hinos religiosos da Igreja Batista, ela também gostava de música clássica, cantigas de candomblé e músicas de carnaval. Ao conhecer o pianista, compositor e regente Custódio Mesquita, Aracy entrou para a Rádio Educadora (Rád

VAMOS ADORAR A DEUS

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Ela não tinha medo de morrer, pois dizia que no momento que pisasse no céu, um coral de anjos cantaria “Vamos Adorar a Deus”, sua música predileta. E não é que ela tinha razão... Ontem, quando soube que ela havia morrido, liguei o rádio para espantar a dor, e estava tocando a canção que ela mais gostava. Era a confirmação. Naquele instante eu soube que ela acabara de entrar em uma das muitas moradas da Casa de meu Pai. Agora percebo que ela não estava errada. Quando um filho de Deus volta para casa, ele é recebido com o céu em festa. Pode parecer uma ideia imodesta, mas também quero ser recebido com o céu em festa.       CONTACT BETTO BARQUINN: curtacontos@hotmail.com VAMOS ADORAR A DEUS™ © copyright by betto barquinn 2012 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY BETTO BARQUINN

O PODER DO CÉREBRO DE MILLÔR FERNANDES

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Hoje lá no céu chegou Millôr com todos os seus personagens. Desde o primeiro desenho, vendido aos dez anos de idade para “O Jornal do Rio de Janeiro”, este carioca do Méier, nascido Milton Viola Fernandes, trilhou uma carreira generosa. Partindo para a revista ilustrada “O Cruzeiro”, depois vencendo o concurso literário de “A Cigarra” como contista, trabalhou lá como diretor da publicação, escrevendo na seção “Poste Escrito”. Sendo “Millôr”, “Notlim”, “Vão Gogo”, de pseudônimo em pseudônimo, o nosso Milton Viola Fernandes, entrou para a história. Por dezoito anos escreveu a coluna “Pif-Paf” para “O Cruzeiro”. O nosso desenhista, escritor, tradutor e autor de Teatro, participou em 1956 da Exposição Internacional do Museu de Caricatura de Buenos Aires. Vencedor do primeiro lugar junto com o artista plástico Saul Steinberg. No ano seguinte, expôs individualmente no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Teve a sua Obra publicada no  “Diário Popular”, jornal português, classificou-se em

A ESCOLINHA DO PROFESSOR CHICO ANYSIO

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A educação é matéria imaterial. Tão fundamental ao ser humano, que é o nosso tesouro agregado a alma. Tudo que se aprende é gravado no espírito. Donde se conclui que a educação é o verdadeiro patrimônio do homem. Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho sabia disso. Sensível como era, gravou na própria biografia, a história do povo brasileiro. Com personagens comuns do cotidiano, personificou a alma humana. Gênio-visionário, fez do simples e do óbvio, a sua matéria-prima. Aí estava o arcabouço do seu trabalho: ator, escritor, dublador, pintor, compositor, cantor, humorista, radialista, comentarista, diretor, saiu de Maranguape, no Estado do Ceará, para conquistar o mundo. Chico Anysio não era só do Brasil. Era o homem das Humanidades. Criador de duzentos e nove personagens, compôs a partir do “Professor Raimundo”, uma gama de tipos. Quem não se lembra do Albarde, do Alberto Roberto, do Albino, do Al Cafone, do Alfacinha, do Alfano, do Alfinete,  do Apolo, do Azambuja, do Badé Mangaio,

REZA

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Às vezes a vida é um tiro no pé. E a gente se pergunta: “Onde foi que eu errei”. É uma bravata. Uma errata. Um recall. Uma piada de mau gosto. E nem sempre é fácil consertar o erro, quando enfiamos os pés pelas mãos. Acho que a minha salvação foi ter descoberto o perdão. Quando o perdão entrou na minha vida, eu estava com o coração aberto. Aí ele pôde fazer morada em mim, como um vento que nos invade a alma, ocupando em nós: um de seus quartos. O que digo é filosófico. Mas é assim que sinto. Mais que um pensamento, é uma vontade tão grande de acertar, que o impossível acontece. O perdão para mim é como uma segunda chance. Quando eu perdou: me sinto mais leve. Quando sou perdoado: voo como uma pipa. A raiva é coisa esquisita. Raiva não é coisa de Deus. A indignação até pode ser. Quando a gente fica indignado com alguma coisa, liberta o cerne da justiça, da ética, da moral. Quando nos enraivecemos, simplesmente liberamos adrenalina, cólera, fel. Envenenamos a nós mesmos. Envenenamos o ou

PREACHER MAN

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Hoje meu filho parou defronte a mim, e perguntou: – Pai o que é Deus? Eu respondi: – Deus é aquilo que sentes quando abraças alguém. É um sorriso no rosto. Um afago no peito. A certeza do dever cumprido. – E o que é a nossa alma, pai? – A alma é a Casa de Deus, meu filho: onde todo o universo é bem-vindo. E não se diz “a nossa alma”, porque nós é que somos a alma. Podemos dizer: o nosso corpo. Porque é a moradia temporária da alma. De fato o que nos pertence somos nós mesmos. Ou seja: a alma. O corpo fica na Terra quando desencarnamos. Mas a alma nos acompanha onde quer que formos, porque ela não passa de nós mesmos. Pode parecer um tanto complexo no começo. Mas se parares para pensar, logo compreenderás. Agora sou eu que pergunto: o que é o espírito? Ele pôs-se a pensar e deu fim a nossa prosa:  – Ah, pai,  o espírito somos nós mesmos, com esse Deus que é tudo e que é todos, dentro. Acertei? – Acertou! Assim começou o meu domingo. Lindo, lindo, como a Obra de Deus. E pensar que eu aju

MINHA PALHOÇA

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Ela vivia dizendo que o amor tem gosto de doce de leite. E quer eu aceite, quer não, o amor tem gosto de agrião. “Amargo e doce”  –  pensei. “O amor é agridoce?”  –  perguntei. Ela disse que sim. Para mim o amor é mais simples. É a união de nós dois. É o gosto dela e o meu. É o paladar parado na língua. Para ela o amor é masculino. Para mim o amor é feminino. Bom saber que o amor é assim: tem o gosto dela em mim, tem o meu gosto no gosto dela. O amor é uma canção à capela. É Romeu e Julieta. O amor é Cinderela. O amor é tudo aquilo que o amor quiser que o amor seja.    PS: Para mim o amor tem gosto de cereja. CONTACT BETTO BARQUINN: curtacontos@hotmail.com MINHA PALHOÇA™ © copyright by betto barquinn 2012 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY BETTO BARQUINN

JACKSON AVENUE

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O monge tibetano, do alto da sua sabedoria, chegou para mim e disse: – Que a sua vida seja uma constante felicidade. E que a felicidade seja uma constante em sua vida.   Com os olhos rasos d’água, respondi: – Amém! CONTACT BETTO BARQUINN: curtacontos@hotmail.com JACKSON AVENUE™ © copyrig ht by betto barquinn 2012 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY BETTO BARQUINN

THE CURSE

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Esta manhã caiu-me nas mãos uma página, que dizia: “Conhece-se a árvore pelos frutos. A árvore que produz maus frutos não é boa, e a árvore que produz bons frutos não é má; porque se conhece cada árvore por seu próprio fruto. Não se colhem figos dos espinheiros, e nem se colhem cachos de uvas dos abrolhos. O homem de bem tira boas coisas do tesouro do seu coração; pois a boca fala aquilo do que o coração está cheio”. Era o apóstolo Lucas falando comigo. Consultar o Evangelho tem dessas coisas: a gente vai ao nosso dia mais equilibrado. A mensagem vem para ser usada com sabedoria. E colado ao corpo da mensagem, podemos ler: “Ama ao próximo como a ti mesmo”. “Não julgueis para não serdes julgados”. “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. “Não se pode servir a Deus e a Mamon”. “Bem-aventurados os puros de coração”. “Bem-aventurados os mansos e pacíficos”. “Bem-aventurados os que são misericordiosos”. E por aí vai... Não se trata de religião. São códigos morais, que se nós

APOCALYPSE NOW

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À minha amiga Elizabeth Teles, que presenteou-me tanto o espírito, que o tamanho da minha gratidão só pode ser medido à altura da alma.   Eu vi o Apocalipse chegar vestido de branco, dizendo que o que foi profetizado podia ser evitado. Eu vi o fim do mundo ser substituído por uma sociedade mais justa. Vi a inveja, o ódio, o desamor, sendo levados para bem longe. Eu vi um lugar inteligente, onde pessoas inteligentes, descobriram que ser sábio é ser solidário. Eu vi estas e outras coisas dentro de mim. Foi como se na lente de aumento de Deus, o meu amor e o seu, pudesse ser único. Voltei para casa feliz, com os dedos sujos de giz. Porque escrevi estas e outras coisas no quadro-negro do tempo. E para mim o que era sofrimento virou alegria. O que era preconceito virou poesia. O que era solidão virou amor. Agora reservo-me o direito de ficar calado. Reservo-me o benefício da dúvida. Quem quiser me seguir; me siga. Mas saiba que nada do que eu disse saiu de mim, sem antes passar pe

DAS MARAVILHAS DE SER SIMPLES

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A literatura é o que mais me aproxima de mim mesmo. Nela está o meu lamento, o meu desejo, a minha alegria, a minha dor, o meu lampejo. Sem a literatura eu seria um ser ausente. Um indivíduo dormente, perdido no dissabor. Literatura para mim é amor: o meu amor. É aquilo que penso e sou.  O que me alimenta às vezes tem gosto de menta. Em outras é amargo e doce. E eu, que já nasci com os olhos rasos d’água, na nascente de mim mesmo, como um rio em busca de um Norte, paro frente à minh’alma para descansar.