CHILDREN OF THE SUN







Hoje perdi o rebolado. Perdi o argumento. Esqueci o que era retórica. Estava com a resposta na ponta da língua, mas o silêncio me atropelou. Havia uma criança com a mão estendida. Uma criança raquítica me pedindo um trocado. Eu disse que não tinha. Ela me pediu um dinheiro para comprar uma galinha. Tinha três tijolos embrulhados num miolo de pão. Perguntei o que era aquilo. Ela disse: “fome”. Perguntei quanto tempo ela não comia. Ela respondeu: “à dias”. Sem saber o que dizer, entreguei tudo que tinha no bolso. Ela agradeceu e atravessou a rua correndo. Esqueceu de olhar para o lado. Esqueceu que ali passava carro. Foi parar debaixo de um caminhão de cigarro. Continuei ali sem resposta. Fiquei ali sentindo-me um bosta. Naquele instante algum engraçadinho balbuciou: “O cigarro mata”.



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