ARRASTA A SANDÁLIA





O samba estava animado. Tinha gente requebrando desde às seis da manhã. Beth levou a cerveja. Paulo levou a batida de maracujá. Eu levei a farofa de ovo, o pudim de limão, e o louro para botar no feijão. Todo mundo levou o que pôde de casa. Camila trouxe a pitanga. Maria trouxe o suco de manga. Ivete trouxe a picanha, a ervilha, a salada de abacate, o filé com fritas, o salmão, o arroz, o carpaccio e o caviar. Eram os chics e famosos, os ricos e poderosos: era a alta sociedade do morro.


Para o nosso encontro, veio gente até da China. Era tanta animação que veio gente até do Japão. Todos juntos, misturados, sem frescura. Eu sambei até às cinco da manhã. Sambei tanto que perdi a alça do sutiã.


Lá pelas tantas me deram um pandeiro, Martha chegou com o tantã, Renato pegou o cavaquinho, Jorge passou a mão no violão, Pedro agarrou o surdo, Carlos trouxe o tamborim, Vanessa chegou com a cuíca, e Margareth abocanhou o trompete. Todo mundo se aproximou, quem ia embora ficou, e lá fomos nós requentar o que sobrou de ontem, botar o carvão para queimar, caprichar no vinagrete, no salpicão e na salada de maionese, salpicar sal grosso na maminha, na codorna, na linguiça, na costela de porco, no coração de galinha, no cupim, no drumet, na coxinha e na asa de frango, colocar uma cachacinha no copo, cerveja estupidamente gelada no isopor, e ficar  rebolando até o sol se pôr. 

Aliás: até o sol raiar.  



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