SURVIVE IT






Ele cavava procurando a vida, mas a vida não vinha. Fazia buracos enormes no barro, mas por mais que cavasse, a vida não estava lá. Tinha a saúde fraca: fraquinha. Mal conseguia caminhar: arrastava-se.

Ele amava uma mulher, que saltava de alegria quando via uma sepultura. A mulher também era uma alma doente. E não via a hora de morrer e descansar. Enquanto ele cavava procurando a vida debaixo da terra, ela cavava a alma buscando a morte. Tinham os pés virados para trás. Como curupira iam, como se estivessem vindo. Às vezes o sol abria-lhes a boca. Às vezes a dor rasgava-lhes a roupa. A vida para eles era uma navalha fincada ao chão.




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Comentários

  1. O seu texto é um primor, Betto. Coisa de gente grande, menino. Parabéns!

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  2. O seu texto é tão bom que não me canso de ler. E como você usa a metáfora como o ar que respira, cada vez que releio, descubro uma mensagem escondida. Amei o texto, lindo. Bjs!

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