O AMOR É FILME





O amor é um dedo de gim num copo de plástico. O amor é o antropológico escondido no bolso da ficção. É como esparadrapo sem cola. É como grude no dente. Puxa-puxa. Quebra-queixo. Goma. Chiclete. Despertador.  

O amor como manifesto antropofágico é fraco. O amor como manifesto artístico é forte. O amor é sentimento verborrágico. O amor é frágil. O amor não sabe amar. Mas há amor: há. O amor limítrofe do risco. O giz riscando o quadro como dois e dois. O amor pode ficar para depois. Não. Amor tem que ser agora. A qualquer hora. Não vejo a hora do amor chegar. O amor é o patrimônio imaterial da humanidade. O amor é tarde. O amor não tem idade: para amar há de se ter vitalidade. O amor é pasta de dente. É adstringente. É fio dental. Suave como a brisa que satiriza o antes e o depois. O amor pode ficar para depois. Não. O amor tem que ser à aurora. Tem que ser a dois: como feijão com arroz. Amor: outrora. Amor: demora. Não vejo a hora do amor passar.    

O amor é um dedo de gim num copo de plástico. O amor queimou-se por baixo. O amor tem gosto de churrasco. O amor, eu acho, não quer biscoito de amido de milho, nem água de lavanda, nem anúncio, nem propaganda, nem sentimento, nem casa, muito menos sótão ou porão. O amor é folha de coca. É cimento. É amianto. Enquanto o galo canta, e a coruja gargareja, o amor eu vejo. Veja! O amor é uma lata de cerveja.



O AMOR É FILME™ ©  copyright by Carlos Alberto Pereira dos Santos 2011
TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS

Comentários

  1. Já na primeira frase do texto dá para ver que você não está aqui para brincadeira. Uma única frase mostra o quão é grandioso o seu talento. Fiquei sem palavras, mais uma vez. Melhor fazer silêncio e agradecer a Deus por você existir. Amei o texto como amo tudo que vem de você. Beijo!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

ETERNAMENTE ANILZA!

PRESSENTIMENTO

COLOQUE O AMENDOIM NO BURACO DO AMENDOIM