Ela acabara de ler “Odisseia”. A imagem de Homero ficara gravada em sua mente. Afinal, alguém capaz de escrever um poema assim, merecia todo o seu respeito. Ficara apaixonada por Ulisses. Masturbava-se pensando em Odisseu todos os dias. Sonhava com a Guerra de Troia, com mulheres, com criados e servos, com guerreiros, com Penélope, com Telêmaco, com os Mnesteres, com Atena, com Calipso, com Posídon, com Polifemo, com a praia de Esquéria, com os feácios, com Nausícaa, com Demódoco, com Eumeu, com Hades, e com todos os outros personagens do poema épico. Ela lera os 24 livros. Perdia-se entre montes de papéis. Adorava “Telemaquia”. Amava “Ciclopeia”. Era louca por “Nekyia. Delirava com “Apologoi”. Perdia o sono com “Mnesterophonia”. Era uma mulher perdida na Grécia Antiga. Uma mulher vivendo, dia a dia, a sua Ilíade. Uma mulher que gostava de viver no passado, mesmo sabendo que o passado não volta mais. Uma mulher cheirando a mofo, com o sorriso no rosto, e a alma na mão. Se fosse longe