RITORNA VINCITOR!
“Aida”, de Giuseppe Verdi.
Vovô não entendia porque as pessoas falam tão bem da Torre Eiffel. “Não passa de uma torre de alta tensão” — protestava. “E feia, ainda por cima!”. Aí eu argumentava: “Mas vô, a Torre Eiffel não é uma torre de alta tensão”. “No entanto é como se fosse!” — retrucava. “Vê se eu vou gastar uma fortuna para ir à Paris, para perder meu tempo com isso! Se ainda fosse para conhecer o Louvre, vá lá… Agora, Torre Eiffel, é o fim da picada!” — resmungava. “Se ainda fosse a Estátua da Liberdade ou o Cristo Redentor, tudo bem. Afinal se trata de uma Obra de Arte. Agora, esse disse me disse sobre um treco enorme, com uma antena de transmissão de rádio grudada na ponta, é ridículo!” — continuava reclamando. E daí que é o edifício mais alto de Paris? E eu com isso?! Se milhões de pessoas pagam para subir uma estrutura de ferro: é problema delas. Tem gente que gosta de jogar dinheiro fora! Deve ser por isso que essa torrezinha de meia tigela é o monumento pago mais visitado do mundo! Depois dizem que a Europa está em crise… Só se for crise de bom-senso!
Foram anos ouvindo aquela ladainha sem pé nem cabeça. Até o dia que me cansei daquele discurso ultrapassado, e resolvi dar de presente ao vovô a viagem à Paris. Ele reclamou no início, disse que preferia ir para o Japão montado num burro à visitar a tal torre do quinto dos infernos. Uma heresia! Mas aos poucos ele foi se acalmando, e finalmente, aceitou o presente. Para encurtar a história, quando chegamos em Paris; no terceiro ou quarto dia de viagem, disfarçadamente levei o o velho ao Champs de Mars. Quando ele olhou para cima, e viu a Torre Eiffel à sua frente, começou a chorar. Aí perguntei ao vovô: “Está chorando, por que, vô?”. Sem titubear, ele respondeu: “Meu neto, essa tal Torre Eiffel é a coisa mais linda do mundo!” — e começou a pular feito criança. Foi lindo! Nos abraçamos e comungamos intensamente o amor que sentimos um pelo outro. Nessas horas é bom ter dinheiro. A gente pode proporcionar aos amores da nossa vida esse tipo de coisa. Certamente aquele foi o dia mais feliz da minha biografia. Era o vô e eu descobrindo o mundo.
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