UM DIA DESSES


“Espíritos grandiosos sempre encontraram oposição violenta de mentes medíocres”. (Albert Einstein)


Um dia desses disseram-me que escrevo simples demais, como se o ato da criação em mim, fosse algo pejorativo. O tom era grave. Era tom de crítica. Havia malícia ali. O que foi dito, fora dito, com o intuito de magoar-me. Confesso que na hora fiquei atônito e pasmado. Uma certa tristeza habitou o meu ser. Se escrever, é a única coisa que sei fazer, o que hei de fazer? E quando digo: “é a única coisa que sei fazer”, não afirmo que faço-o bem, como Dostoiévski ou Clarice Lispector. Não, não. De forma alguma. Sei o tamanho exato da minha pequenez. Mas quando falo “sei fazer”, quero dizer com isso, que escrever para mim é algo que me completa. É a minha missão na vida. Por mais clichê que possa parecer: escrever é meu clichê. E nem tenho “facilidade” para escrever. Confesso que peno para criar uma frase. Às vezes passo noites sem dormir com uma ideia na cabeça. Eu não escrevo em cinco segundos como uma psicografia. O exercício de criação em mim, como o próprio nome diz, é um exercício. É árduo. Precisa de dedicação. De tanto exercitar, mesmo não sendo um intelectual, gosto do que faço. É um gosto sofrido, é verdade. Tem sabor de autocrítica. Talvez seja porque foi a única coisa que me restou. Talvez porque o nada que sempre tive tenha me apresentado o papel e a caneta. Talvez porque viver seja simples. Talvez porque compliquemos as coisas. Talvez. O que sei, é que eu, que nada sei, estava perdido dentro de mim: e a literatura me salvou.

A crítica quando vem de forma maliciosa: machuca. É horrível ouvir que você faz mal a única coisa que sabe fazer. Escrever é o que me prende a esse mundo. E ao mesmo tempo: é o que me liberta. Então, quando alguém vem a mim, com o sorriso sarcástico no rosto, e diz que a minha literatura é um lixo, é como se tudo que sou, fosse colocado à margem da vida. Graças a Deus aprendi a respeitar a opinião dos outros. Mas só daqueles que me amam. A crítica que vem com a maldade no meio, que tem a maledicência como ponto de interseção, não me traz nenhuma concordância. O que não é feito com amor, ou melhor, o que é baseado na loucura, no menosprezo, no vilipêndio, na inveja, — não me atinge. Nem que eu me sente em um formigueiro! Verdade: o que vem de baixo não me atinge. Talvez porque eu nunca tenha tido a pretensão de ser escritor. Talvez porque escrever para mim seja tão importante quanto o ar que respiro. Talvez, pelo fato de ser tão natural em mim, que me completa.

No mesmo dia que disseram-me que o que escrevo é “simples”, alguém me disse: eu te amo. E há coisa mais linda que saber-se amado em um mundo de provas e expiações? Eu digo amado mesmo. Amado para valer! Eu sou amado pelo que sou. E não, simplesmente, ou tão somente, pelo que escrevo. E se foi para isso que eu nasci, ou mesmo que seja para outra coisa, obrigado Deus.

Guarde para si o seu desprezo.

Por quê?

Eu sou amado, caramba!

Vai encarar?!


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